Yu-Gi-Oh! Early Days Collection Capa

Review Yu-Gi-Oh! Early Days Collection (Switch) – Uma coleção com jogos duvidosos

AVISO: Este jogo possui conteúdo sexual em formato de design sexualizado de alguns personagens e cartas, apesar de nada explícito. Verifique a classificação indicativa.

Minha primeira experiência com um jogo digital de Yu-Gi-Oh! foi quando eu tinha cerca de 10 anos. Vi alguém jogando Forbidden Memories no PS1 na loja de games em que minha mãe trabalhava, e aquilo explodiu minha mente. Como era possível jogar um jogo de cartas sem precisar das físicas? Desde então, acompanhei quase todos os lançamentos da franquia, tanto nos consoles de mesa quanto nos portáteis.

Desenvolvimento: Digital Eclipse
Distribuição: KONAMI
Jogadores: 1 (local) e 1-2 (online)
Gênero: RPG, Tabuleiro
Classificação: 14 anos (violência, conteúdo sexual)
Português: Não
Plataformas: Switch, PC
Duração: 30 horas (campanha)

Um pacote com 16 títulos que você talvez não jogou

O primeiro jogo tem regras diferentes das oficiais
O primeiro jogo tem regras diferentes das oficiais

O anúncio de Yu-Gi-Oh! Early Days Collection foi uma baita surpresa. A Konami nem sempre dá esse tipo de atenção à série, mas considerando que ela vem relançando várias franquias clássicas, como Castlevania, talvez não devesse ser tão inesperado. Mas a pergunta que fica é: será que quantidade vale mais que qualidade?

Aqui, temos a chance de revisitar todos os títulos portáteis, desde os primeiros jogos monocromáticos de 1998 do Game Boy até o último lançado para Game Boy Advance em 2005. No entanto, ao experimentar os primeiros títulos, é difícil não estranhar o quão simplificados e estranhos eles eram. É como se estivesse jogando Forbidden Memories de PS1 no Game Boy.

Primeiros jogos de Game Boy Color são até divertidos
Primeiros jogos de Game Boy Color são até divertidos

As primeiras versões de Duel Monsters tinham regras completamente diferentes do jogo de cartas oficial. Além disso, algumas mecânicas pareciam mal planejadas, como a necessidade de realizar todas as ações possíveis antes de encerrar o turno, sem ter a ação propriamente dita como uma opção selecionável. Pra piorar, em um dado momento, usei a função de retroceder e uma das cartas simplesmente desapareceu do campo, me forçando a reiniciar o game.

A evolução das regras e lentidão

Evolução gráfica é notável ao longo dos anos
Evolução gráfica é notável ao longo dos anos

O anime sempre tomou certas liberdades com as regras, permitindo jogadas irreais, como invocar monstros sem sacrifício ou ativar cartas mágicas instantaneamente sem qualquer requisito. Os primeiros títulos seguiram essa tendência, mas isso começou a mudar com The Eternal Duelist Soul de Game Boy Color, que finalmente implementou as regras oficiais. O problema? Isso tornou tudo muito mais lento.

A simplicidade dos primeiros títulos tinha a vantagem de manter o ritmo acelerado, sem interrupções para exibir cada fase do duelo ou perguntar constantemente se você queria ativar armadilhas e cartas mágicas. Curiosamente, os desenvolvedores perceberam que os duelos haviam se tornado arrastados e, no game de 2005 (o último da lista) da coletânea, adicionaram a opção de acelerar animações e remover prompts desnecessários.

Os jogos de tabuleiro são bem confusos
Os jogos de tabuleiro são bem confusos

Além dos jogos de cartas, há três títulos bem diferentes: Monster Capsule, Dungeon Dice Monsters e Destiny Board Traveler. Eles fogem completamente do estilo tradicional da série e tentam misturar Yu-Gi-Oh! com tabuleiros e estratégia.

No entanto, a jogabilidade confusa e a falta de explicação tornam a experiência frustrante e maçante. Lembro de ter jogado um título tático parecido no PS2 com o subtítulo Capsule Monster Coliseum, mas a versão do GBA não conseguiu me prender provavelmente pelo visual isométrico simulado do GBA e a falta de clareza nas regras.

Os RPGs são os mais interessantes

O game mais recente é um dos melhores
O game mais recente é um dos melhores

O destaque da coletânea fica por conta dos jogos com pegada de RPG, nos quais você pode nomear seu personagem e explorar mapas enfrentando NPCs. Esses títulos serviram de base para os lançamentos posteriores no PSP, que expandiram a ideia com um mundo mais aberto e possibilidades estratégicas mais ricas por conta do hardware do portátil da Sony.

No entanto, os dois primeiros RPGs da coleção são limitados e bem problemáticos, especialmente Reshef of Destruction, que apresenta um bug chato: o cursor se move sozinho e loucamente pelo campo antes e depois de cada ação, tornando as batalhas cansativas e irritantes.

Faltou um modo online robusto

Só um jogo tem opção de acelerar animações
Só um jogo tem opção de acelerar animações

As funções que dependiam do link cable foram completamente removidas. Ao tentar acessá-las, aparece uma mensagem avisando que não estão disponíveis. A única exceção é o modo online de Duel Monsters 4: Battle of Great Duelists que existe no menu principal, mas essa escolha foi bem questionável. O jogo do Game Boy Color tem muitas limitações e permite desbloquear todas as cartas facilmente, o que facilita trapaças.

Outro detalhe curioso é a presença de Duel Monsters 6: Expert 2, que não foi traduzido. No entanto, sua versão ocidental, Yu-Gi-Oh! Worldwide Edition: Stairway to the Destined Duel, está na coletânea e tem uma introdução diferente da original japonesa. Então, posso já considerar que existem 15 jogos aqui, em vez de 16? Sinceramente, acho que os jogos de geraçãos mais recentes teriam valido mais a pena.

Uma viagem nostálgica com limitações e bugs

Yu-Gi-Oh! Early Days Collection pode ser interessante para quem tem nostalgia pelos títulos da saga, especificamente da era Game Boy. Mas, se esse não for o seu caso, a coletânea perde bastante apelo. Alguns títulos envelheceram bem mal, e a ausência de melhorias significativas pesa contra. Existe apenas a inserção de um único save state e função de rebobinar malfeito que mais irrita do que se mostra funcional. Fora isso, existem trapaças pra tirar o limite de cartas do deck e liberar todas as cartas do game. Mesmo assim, certas coisas como a falta de uma função de acelerar a emulação deixou bem a desejar. Se você busca um jogo atualizado com as regras modernas e um online mais estruturado, Yu-Gi-Oh! Legacy of the Duelist no Switch ainda é a melhor opção.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Yu-Gi-Oh! Early Days Collection

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Os títulos de RPG valem a pena
  • Legal ver a evolução das regras na série

Contras

  • Alguns jogos tem bugs severos
  • Online limitado a um jogo de Game Boy Color
  • Não tem opção de acelerar a emulação
  • Jogos mais recentes são bem lentos
  • Sem opção de PTBR