Imagem da capa do jogo

Review Ancestors: The Humankind Odyssey (PS4) – Evolução é para os fortes

Descubra se você tem o que é preciso para evoluir sua linhagem, ou pereça com os mais fracos neste jogo onde a sobrevivência é fundamental para o sucesso de toda uma espécie.

Desenvolvimento: Panache Digital Games

Edição: Private Division

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura

Classificação indicativa: 12 anos

Português: Legendas e Interface

Plataformas: PS4 e PC

Duração:  11 horas (campanha)/ 60 horas(100%)

De volta à era dos primatas

O caminho para a evolução é árduo, e Ancestors: The Humankind Odyssey faz questão de deixar isso muito claro desde o primeiro instante. No jogo desenvolvido pela Panache Digital Games e publicado pela Private Division, nenhum conhecimento é oferecido gratuitamente ao jogador. A tela de abertura já informa que, mesmo ao escolhermos a dificuldade “Primeira Vez”, o jogo não nos oferecerá grande ajuda. Melhor dizendo: praticamente nenhuma ajuda. 

Ancestors inicia um breve tutorial no qual controlamos um filhote de primata que se perdeu do bando e precisa lidar com seus medos para encontrar um lugar seguro. Na pele do filhote os medos tomam formas de alucinações, sombras e ruídos que tentam te distrair do seu objetivo. Encerrado o breve tutorial, tomamos o controle de um adulto do mesmo bando do filhote perdido e nos deparamos com a vastidão da África pré-histórica.

Parte da premissa do jogo é que o jogador, tal qual nossos antepassados primatas, aprenda através da tentativa e erro. Comer plantas pode nos curar ou nos intoxicar e outras ainda servem para nos ajudar a fortalecer os ossos para suportar grandes quedas. Predadores estão sempre por perto e podemos intimidá-los ou evitá-los completamente. As primeiras horas de Ancestors são totalmente dedicadas a compreender o que fazer no mundo, e este processo pode custar alguns membros do seu bando ou até mesmo ele inteiro – o que me aconteceu algumas vezes.

Os Caminhos da Evolução

A chave para o sucesso em Ancestors: The Humankind Odyssey é a exploração. O jogador pode controlar qualquer membro do seu bando, formado por adultos, idosos e filhotes e explorar o mundo além da sua base. Cada grupo traz consigo um limite de área que você pode explorar. Os filhotes não perambulam para além do campo de visão da base, e os adultos só podem ir até determinado ponto. Já os idosos são livres para explorar o mapa como quiserem.

O limite é apresentado como “O medo do desconhecido” com uma barra no canto da tela que vai mudando em tonalidade a depender da distância em que o personagem se encontra da base. Ao atingir a cor vermelha, os primatas entram em histeria e alucinações visuais e sonoras tomam conta da tela, e o primata volta automaticamente para a base instalada. 

À medida que exploramos o mapa, descobrindo os pontos de interesse, aumentando nossa percepção sensorial e nossa inteligência, acessamos uma interface neural, similar às árvores de habilidades comuns na maioria dos RPGs. Através dessa interface, liberamos alguns traços evolutivos como a capacidade de digerir determinadas plantas, ou ossos mais resistentes devido ao tipo de alimentação mais consumido, que servem de melhorias para nosso personagem. Isso com uma vantagem: alguns desses traços são compartilhados com todos os membros do bando.

Vale a pena se dedicar a expandir os traços evolutivos, porém o jogo traz uma mecânica que é certeira em pegar os jogadores de calças curtas: a mudança geracional. A ideia do jogo é que possamos observar o processo evolucional, e isso exige que deixemos o tempo fazer o seu trabalho. 

Ao mudarmos de geração, os filhotes se tornam adultos, os adultos viram idosos, e os idosos, bom, deixam de circular entre os vivos. E no momento que ocorre essa mudança geracional, todas as habilidades que não estiverem travadas desaparecem nas areias do tempo – o que pode ser incrivelmente frustrante para os jogadores que precisarão repetir o processo de desbloqueio das habilidades.

Seleção Natural

Em contraponto à jogabilidade conturbada, os gráficos chamam a atenção de forma extremamente positiva em Ancestors. De início, temos acesso apenas à uma parte da floresta, que logo se expande com algumas áreas de cachoeira e a majestosa savana africana. O jogo traz um excelente trabalho de ambientação e cenário gráfico, apresentando diversas espécies de predador característicos dos ambientes.

Por exemplo, percebemos maior presença de cobras na floresta, e os felinos se apresentam com maior frequência na savana. O combate não é dos mais inventivos, consistindo apenas em uma mecânica de esquiva e contra-ataque: por um segundo o tempo congela e o jogador deve escolher pra que direção irá se mover e isso determinará se a esquiva foi bem sucedida, permitindo este contra-ataque – ou se o personagem foi atingido e ferido. Dependendo do predador, os ferimentos podem ser leves, graves ou até mesmo imediatamente fatais.

Outro problema a ser mencionado é a demora nos loadings. Cada morte nos leva a um loading bastante demorado, que seria tranquilamente aceito na geração anterior, mas levando em consideração a redução das telas de carregamento por grande parte dos títulos, é um problema que deveria ter sido corrigido ou ao menos amenizado.

Falta balanceamento

Ancestors: The Humankind Odyssey, traz um conceito ambicioso ao explorar um período histórico que muitos ignoram e estruturar toda a jogabilidade e as melhorias de personagem de maneira bastante similar ao processo de evolução das espécies e muitas dessas mecânicas são bem executadas ao longo do jogo. Porém, assim como o processo evolutivo, não é para todos.

É necessário equilibrar momentos extremamente gratificantes ao descobrir por si só um novo uso para um item ou como construir novos objetos com os momentos de grande frustração por ter perambulando todo o mapa sem conseguir atingir o objetivo – simplesmente por não saber o que precisava ser feito para avançar no jogo, é uma tarefa árdua e infelizmente esse delicado equilíbrio não foi atingido por aqui.

Para os aventureiros dispostos a desbravar a cadeia evolutiva até o topo, pode ser uma experiência que valha a pena, considerando o nível de tolerância à frustração de cada jogador. Pois, devido à falta de um bom balanceamento no jogo, fica a impressão de que o conceito ambicioso falhou ao ser executado e apesar de se mostrar interessante, resultando em uma experiência que facilmente se torna repetitiva e aborrecida.

Este review foi feito com uma cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming


Ancestors: The Humankind Odyssey

6

Nota

6.0/10

Prós

  • Conceito ambicioso e inovador
  • Um belo mundo a ser explorado
  • Efeitos sonoros e visuais impecáveis
  • Livre controle de todos no bando

Contras

  • Controles pouco intuitivos
  • Pouca informação oferecida ao jogador
  • Curva de aprendizado extremamente desafiadora