Logo de cara já dá pra saber que Chroma Quaternion é um daqueles joguinhos lindinhos e fofinhos pra praticamente ninguém botar defeito. Com uma arte em visual de anime e pixel art simples, mas bem feitinha, é difícil não encher os olhos com ele.
Desenvolvimento: Ex-Create
Distribuição: KEMCO
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4, PS5, Android, iOS, PC, Xbox Series S/X, Xbox One
Duração: Sem Registros
Enredo leve, mas competente
Em um certo mundo, 4 reinos, que simbolizam as estações do ano, cada um com sua divindade – que também representam as estações – vivem em paz e felizes. Ou ao menos viviam. Terríveis terremotos começam a surgir por todos os reinos, destruindo cidades, florestas e tudo que estiver em seu caminho. O equilíbrio criado pelas 4 divindades foi quebrado.
Ark e seu fiel amigo Foure passam a investigar o que estaria levando esses terríveis terremotos a destruir o reino. Pelo caminho eles encontram apoio na princesa do reino de Spree, Eara, sua criada Evaile e ainda outras figuras recorrentes que eles ajudam durante sua aventura.
Não me lembro de ter jogado um RPG na vida que não tivesse muita tragédia, sujeira por debaixo dos panos, politicagem e mortes. Estranhamente, Chroma consegue conduzir uma história leve e, ainda sim, contendo maldade, e tudo existe num grau tão colorido que para quem não está acostumado pode ser um pouco diferente.
Ler os diálogos e ver as expressões dos personagens é como estar assistindo um anime leve. Temos o herói de bom coração, um animal fofinho, a princesa inocente – às vezes até demais, e chega a dar raiva – e a criada mal humorada, desconfiada e super protetora.
Confesso que de início eu sempre ficava esperando uma tragédia, algo triste na vida dos personagens ou qualquer coisa do gênero para dar aquele drama e clima mais pesado. E, bem, até tem, mas não chega nem perto de acrescentar o peso que esperava.
Acompanhar uma aventura tão colorida é um pouco irritante, pois, por pior que seja a situação do mundo em questão, ela realmente não parece tão ruim quanto poderia ser. Vai lhe faltar ódio para destruir o vilão.
Mas é inegável que os diálogos são tão bons e bem feitos que você vai querer continuar jogando só pra ver a interação dos personagens e as situações malucas em que eles acabam indo parar. A relação de Ark e Evaile é simplesmente hilária, e vale a pena dar andamento na aventura só por causa deles.
Agora, não ter um ponto alto de maldade, tragédias e mortes relevantes pode te decepcionar, principalmente se, assim como em mim, já está enraizado no seu ser que RPGs precisam disso. Por mais que o mundo possa ser destruído em Chroma, a história não coloca todo esse peso, ao menos não como deveria. E como ele é muito colorido, leve e descontraído a todo momento, esse fardo de ser o herói que precisa salvar a todos vai lá pra baixo.
Ainda sim, o game possui um bom enredo para te prender por toda a aventura.
Pixel art bonita e trilha sonora cativante
Indiscutivelmente, por mais simples que possa parecer a arte no geral de Chroma Quaternion, ela é muito bonita. Os cenários são bem feitos, assim como os personagens e objetos, e nada deixa a desejar. Até mesmo o que não consiste na pixel art é muito bem desenhado.
Se a arte é boa, a Ex Create não quis deixar que a trilha sonora ficasse para trás. Apesar de ter músicas leves para combinar com a proposta colorida da aventura, todas são ótimas, relaxantes e gostosinhas de se ouvir. Claro que em dungeons mais importantes tende a haver uma mudança na música, a deixando mais tensa e envolvente para o momento.
Um RPG simples e objetivo
O que torna um RPG por turnos atrativo? As mecânicas únicas que a desenvolvedora pode colocar nele, certo? Certo! Não vou dizer que Chroma Quaternion dá um show de criatividade, mas digo que souberam aproveitar bem o que tinham em mãos para trabalhar e torná-lo um tanto diferente da maioria.
Existe um sistema de funções, ligeiramente parecido com os Jobs de Final Fantasy Tactics. Os personagens podem aprender mais de uma função, e, conforme evoluem nela, conseguem melhores habilidades. A vantagem é que é possível mudar livremente por até três funções diferentes e escolher quais habilidades usar dentre essas que escolheu equipar em seus personagens.
Como dito antes, existe uma ligeira semelhança com FFT. Ou seja, elas não são nada mais, nada menos que as profissões dos personagens. Basicamente você já nasce com uma função pré definida para sua vida que é descoberta ao alcançar uma certa idade. Como a princesa, por exemplo, que sua função é essa mesma: ser uma princesa. Alguns podem ter mais de uma ao longo da vida e, graças aos cristais, todos podem adquirir outras novas. Isso funciona tão bem e ficou tão legal que é sempre interessante conseguir novas funções e treinar para desbloquear a maior gama de habilidades possível.
Outro ponto interessante acontece diretamente nas batalhas. Na hora de atacar os inimigos, a seleção de qual deles receberá o golpe é um pouco diferente do habitual. Existe uma área quadriculada, com 3 fileiras e 3 colunas com 3 quadrados cada. Os inimigos ficam posicionados nesses quadrados e os ataques podem justamente ser em linhas verticais, horizontais, quadrados únicos ou até acertar todo o quadriculado. Essa variação de golpes acontece graças ao tipo de arma que os personagens empunham.
Outro ponto fora da curva para Chroma é que, ao final de cada batalha, seus status, vida e afins são todos restaurados! Isso pode fazer parecer ser fácil, mas não é. Graças a essa mecânica os inimigos são bem fortes e as lutas contra chefes podem ser uma boa dor de cabeça. No início achei que isso tornaria o jogo chato, mas me enganei profundamente.
Mais uma coisa bem diferente é que todas as dungeons possuem um cristal que controla os encontros com os inimigos dentro delas e que você mesmo pode ajustar. Isso deixa as batalhas frequentes ou então seu caminho livre sem ter de participar de uma luta sequer. Neste mesmo controlador ainda é possível participar de algumas batalhas um pouco diferentes. Há como enfrentar alguns inimigos específicos que lhe concedem itens, bastante ouro, ou ainda bastante experiência. Inclusive, uma das opções é participar de 3 lutas consecutivas, sendo este um bom modo de evoluir rapidamente.
Conforme avançamos percebemos a incrível necessidade de utilizar as habilidades das funções, mas elas também usam de um sistema diferente, já que não existe mana por aqui. Basicamente, você é livre para usar qualquer habilidade a qualquer momento, já que elas não possuem nenhum tipo de custo, mas apenas um período de carregamento que dura alguns turnos.
Além de tudo isso, ainda é possível fazer ações cumulativas. Há um comando chamado Act Over e Act Skip. Ao passar os turnos vamos acumulando atos e, se usarmos o Act Skip, isso acontece mais rapidamente. Quando já tiver uma boa quantia é hora de utilizar o Act Over, que lhe permite fazer várias ações de uma vez com o mesmo personagem, como atacar 4 vezes seguidas, ou então alternar ataques e habilidades variadas em uma tacada só. Isso é extremamente útil contra chefes e também em momentos difíceis que exigem vários itens para ressuscitar e curar seus personagens.
O jogo ainda conta com vários outros sistemas, como de crafting para itens e armaduras, Side Quests diárias, além das que já é possível encontrar diretamente com os NPCs e, ainda mais, que tornam Chroma bem diferente do habitual para um RPG de turnos.
Também não posso deixar de destacar mais duas coisas importantes. A primeira é o incrível sistema de viagem rápida que existe. Após chegar a qualquer cidade ou dungeon, ela ficará marcada em seu mapa e poderá ir e vir para qualquer lugar já visitado livremente. Isso agiliza a aventura e poupa horas de caminhada.
E a segunda, é que infelizmente a gama de personagens jogáveis, ou que formam sua party, se limitam a apenas os 4 já citados: Ark, Foure, Eara e Evaile. Triste, mas real.
RPGs leves e descontraídos também são ótimas escolhas
Chroma Quaternion é simples, bonitinho, leve e extremamente colorido para um RPG – e está tudo bem. Ele é tão competente em sua proposta que isso acaba o tornando ótimo. Principalmente se você só quer jogar algo tranquilo, divertido e curto. Sua história rende pouco mais de 20 horas, sem contar as side quests que podem ser feitas.
Chroma também pode ser um bom incentivo aos mais novos para conhecer esse mundo dos RPGs de turno. Ele é fácil, simples de ser jogado e super cativante.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong