Capa do jogo

Review Bleach: Rebirth of Souls (PC) – Estiloso, mas insuficiente

Bleach: Rebirth of Souls, novo jogo baseado no mangá e anime de Tite Kubo, chegou com a ambição de se tornar o título definitivo da franquia. No entanto, entre um conteúdo mal planejado e uma péssima portabilidade para o PC, o jogo falhou em cumprir essa promessa.

Desenvolvimento: TAMSOFT CORPORATION
Distribuição: Bandai Namco Entertainment Inc.
Jogadores: 1-2 (local e online)
Gênero: Luta
Classificação: 14 anos (violência, linguagem imprópria)
Português: Sim (Interface e legendas)
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series X|S
Duração: 25 horas (campanha)/48 horas (100%)


Otimização e mecânicas de batalha

Bug no modo tutorial no lançamento de Bleach: Rebirth of Souls.
Bug no modo tutorial no lançamento de Bleach: Rebirth of Souls.

Antes de analisarmos o jogo em si, é preciso abordar o “elefante na sala”: o port para PC é, no mínimo, desastroso. Bleach: Rebirth of Souls foi praticamente injogável em seu lançamento. Um patch de correção incompleto só foi liberado no quinto dia após o lançamento, deixando muitos fãs (especialmente os que compraram na pré-venda) na mão, ou tentando jogar à base de gambiarras.

Há tempos não me deparo com um lançamento tão mal otimizado quanto este. O resultado foi um impacto negativo significativo nas expectativas da comunidade de PC. Mesmo após quase um mês do lançamento, o jogo ainda está longe de uma performance aceitável. Uma pena.

No que diz respeito à jogabilidade, Rebirth of Souls segue a fórmula de outros anime fighters da Bandai Namco, como Naruto e Demon Slayer. Porém, há uma diferença interessante no sistema de batalha: ao invés de eliminar a barra de vida do adversário, o jogador reduz pontos de energia espiritual (os “Konpakus”) ao diminuir o “Reishi” do oponente.

Essa energia pode ser esgotada de duas formas: zerando o Reishi ou utilizando um golpe finalizador, chamado de Kikon Move. Cada personagem possui um estilo de luta distinto, respeitando suas habilidades no anime e mangá. Além disso, o jogo permite equipar talismãs e itens que ampliam as capacidades em combate.

Modos de jogo promissores, mas mal aproveitados

Tela de espera antes da batalha - muito estilosa, por sinal.
Tela de espera antes da batalha – muito estilosa, por sinal.

O conteúdo de Rebirth of Souls até apresenta boas ideias, mas sua execução é questionável. O modo história é extenso, porém mal estruturado – explicarei isso mais adiante. Há também um modo missão, que mistura elementos de sobrevivência e arcade, sem executar bem nenhum dos dois. Além disso, temos os modos tradicionais como versus, tutorial e treino.

No quesito online, as notícias não são animadoras. O jogo oferece apenas dois modos: lobby e batalha livre. Não há partidas ranqueadas, nem crossplay, o que limita bastante a experiência multiplayer. A ausência de um modo arcade mais robusto também pesa negativamente, já que o modo história não cumpre bem esse papel. Fica evidente que o conteúdo foi mal planejado.

Estou jogando ou assistindo a um anime?

Trecho do modo Historia de Bleach - Rebirth of Souls.
Trecho do modo Historia de Bleach – Rebirth of Souls.

O modo história é, ao mesmo tempo, o ponto alto e o calcanhar de Aquiles do jogo. Extremamente fiel à obra original, ele oferece uma ótima forma de reviver os principais momentos do enredo – ideal tanto para fãs antigos quanto para novos (como é o meu caso).

Contudo, a forma como foi estruturado prejudica o ritmo. O modo é composto por longas sequências de cenas com pouquíssimas batalhas entre elas. Em certos capítulos, o jogador chega a passar mais de 10 minutos apenas assistindo, sem qualquer interação.

Considero isso uma falha grave de design. No fim das contas, Rebirth of Souls é um jogo, não um anime de recapitulação. Havia outras formas de tornar a experiência mais dinâmica: minigames, exploração em estilo RPG de ação ou até um modo arcade mais elaborado poderiam melhorar a experiência com o modo história.

Um jogo com estilo

Apresentação dos capítulos no modo historia.

Visualmente, o jogo segue o padrão de outros títulos de anime da Bandai: o mesmo estilo gráfico cel shaded, mas com performance prejudicada pela má otimização no PC.

Porém, no que diz respeito a direção de arte e da apresentação do jogo, temos um verdadeiro exemplo de como transportar o estilo da obra original para outra mídia. Toda a apresentação de Rebirth of souls conta com uma abordagem limpa, com cores fortes e formas retangulares, dando um ar de elegância ímpar ao jogo.

Esse direção de arte combina demais com o próprio design de personagens, seus ataques e principalmente suas vestimentas, fazendo com que essa seja uma característica de Rebirth of Souls de qualidade inquestionável.

Uma trilha sonora estilosa

Ficha dos personagens.

Assim como a direção de arte, a trilha sonora se destaca. Pungente e enérgica, as faixas de Bleach: Rebirth of Souls ecoam bastante a trilha do anime original, com fortes influências de rock e hip-hop, além de boas faixas cantadas que estão na abertura do jogo. 

As faixas caem como uma luva no visual empregado no game, fazendo com que essa dobradinha de trilha sonora mais apresentação do jogo seja a melhor coisa contida nele.

Potencial desperdiçado

Fazia tempo que Bleach não ganhava um novo jogo e Rebirth of Souls reacendeu a esperança nos corações dos fãs – e atraiu até quem ainda não conhecia a franquia. No entanto, uma estreia desastrosa no PC somada a decisões mal pensadas no conteúdo fizeram com que o jogo desperdiçasse o potencial de se tornar o título definitivo da série. Uma pena.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Bleach: Rebirth of Souls

6.5

Nota Final

6.5/10

Prós

  • Trilha sonora
  • Estética
  • Conteúdo do modo história

Contras

  • Sem crossplay
  • Otimização
  • Modos de jogo