Clive ‘N’ Wrench é um título nos moldes de um bom e velho plataforma, com diversos itens para serem encontrados, batalhas contra chefes e até um Doutor louco como vilão principal. Infelizmente, diversos erros de performance e falta de polimento impedem que ele seja um jogo excelente.
Desenvolvimento: Dinosaur Bytes Studio
Distribuição: Numskull Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura/Plataforma
Classificação: Livre
Português: Interface e Legendas
Plataforma: PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S
Duração: 7 horas (campanha)/11 horas (100%)
Inspirações bem pensadas

O plot é bem clichê, mas o básico para qualquer título do gênero: A professora Nancy estava projetando uma máquina do tempo, mas suas plantas foram roubadas pelo vilanesco Dr. Daucus — e não, o trocadilho não é intencional. Ela recorre à ajuda do coelho Clive e da macaquinha Wrench, para recuperar seu projeto.
Logo de cara já é possível notar diversas referências e trechos que lembram clássicos das plataformas, como Mario 64, Crash Bandicoot, Banjo-Kazooie, Spyro, Jak & Daxter e mais uma infinidade de outras IPs famosas. Muito além disso, há também outras citações mais discretas a diversos filmes, como Indiana Jones e O Poderoso Chefão, e à convidados, como uma coelha vestida Lara Croft, e Trowzer, a cobra vendedora de Yooka-Laylee.

Pode parecer pouco, mas essa multitude de inspirações ajudou a criar um universo bem bolado, no qual cada uma das 11 fases é representada por um período histórico e local diferentes. Temos o Velho Oeste, Egito, Grécia, um pântano no meio de Nova Orleans, China, a Era Glacial e a Transilvânia.
Cada uma dessas eras possui duas salas, uma que leva à fase e outra ao chefe. Se o jogador tiver coletado itens suficientes, pode escolher o que fazer primeiro. E por falar em coletar, aqui devemos ficar de olho nas Pedras Antigas e nos relógios de bolso. Eles são vitais para 100% de conclusão de cada área. As fases apresentam um design bacana e quebra-cabeças até que simples, tornando a aventura leve e divertida, até a página 2.
Se perdeu na viagem

Apesar das boas ideias, a execução em si do jogo é muito falha em diversos aspectos. Para começar, enquanto a trilha sonora até que desempenha um bom papel, o visual é bastante ultrapassado, com animações feias e gráficos mal-polidos, lembrando bastante muitos títulos questionáveis da era 128-bits (PS2, Dreamcast, Gamecube e Xbox).
Além disso, percebemos diversas quebras nas fases, com plataformas apoiadas no nada ou quedas infinitas que impedem o seu pronto recomeço. Outro bug visual muito recorrente são os monstros, que em vez de sumirem ao serem acertados, podem aparecer ricocheteando ou então entrarem em paredes ou no chão.

A lentidão na resposta dos comandos também é um problema sério. Clive pode correr, dar saltos duplos, planar no ar e acertar inimigos usando Wrench como arma durante um rodopio. Esse arsenal combina bem com a exploração de cada cenário na teoria, mas a prática é diferente.
Os pulos são imprecisos, então não é incomum errarmos por muito em uma sessão com várias plataformas, o que resulta em uma longa e demorada queda. O hitbox de Clive e dos inimigos é muito estranho, pois eles conseguem tirar um ponto da nossa vida mesmo quando parece que nós os acertamos primeiro.

E é claro que a câmera também dá o ar da sua graça. Ao passarmos por qualquer lugar que tenha um monstro, eles vêm atrás de nós. Não interessa se este ponto não está no nosso campo de visão, logo, é muito comum sermos atacados de algum ponto cego. Portanto, as áreas que combinam plataformas diversas e inimigos se tornam simplesmente chatas e irritantes.
A frustração aumenta nas batalhas contra os chefes. O fato deles usarem as mesmas temáticas das suas áreas é ótimo, mas muitas vezes um confronto pode terminar mais rápido do que começou até entendermos o que está acontecendo. E outro detalhe chato é que se morrermos, sempre retornamos a tela de carregamento, que traz a cutscene de introdução desde o começo.

Sobrou nostalgia, faltou cuidado
Clive ‘N’ Wrench é mais um jogo que vai para a prateleira do “ótima ideia, péssima execução”. Está bem clara a paixão do desenvolvedor pelo gênero, pois usou as melhores inspirações possíveis e, quem conhece, consegue sim enxergar este carinho. Entretanto, faltou um acabamento melhor e uma jogabilidade mais caprichada, que é um elemento vital para um bom plataforma. Uma pena, já que os defeitos afetaram de maneira pesada o carisma que a dupla poderia ter.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno
Clive 'N' Wrench
Prós
- Alguns níveis têm um bom level design
- A ideia de ter cada área inspirada em uma época temporal é bem implementada
- Diversas referências aos clássicos e bom humor
- Boa quantidade de colecionáveis
Contras
- Gráfico sem polimento e feio em alguns momentos, além dos bugs visuais
- Jogabilidade não responde bem e torna algumas sessões irritantes
- Área de acerto de Clive é imprecisa
- A câmera cria pontos cegos constantemente
- As batalhas contra os chefes são frustrantes em sua maioria