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Review Dynasty Warriors 9: Empires (Xbox Series X) – A decepção dos Três Reinos

Quando pensamos em literatura ocidental, apontamos logo para Odisseia, Ilíada e a Divina Comédia de Dante como os livros mais impactantes e importantes na nossa civilização. Mais pros lados do extremo leste, temos outras grandes obras: Romance da Câmara Vermelha, Jornada para o Oeste e, obviamente, O Romance dos Três Reinos, que romanceia um período de guerras e devastação no país do extremo oriente.

Dynasty Warriors 9: Empires, se baseia levemente no Romance dos Três Reinos e no período homônimo. Como uma versão alternativa do nono jogo da franquia da Koei Tecmo, ele chega com os mesmos problemas que sua versão normal possuía, mas com alguns aspectos interessantes. 

Desenvolvimento: Omega Force
Distribuição: Tecmo Koei
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Simulação, Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, PC, Switch
Duração: Sem registros 

Usando a pena. 

Crie seu lorde e use a pena

Quando pensamos nos jogos como Dynasty e Samurai Warriors, é comum lembrar logo de batalhas no estilo “um contra mil”, de combos inacabáveis e capazes de destruir batalhões. Apesar dessas batalhas típicas do gênero estarem aqui, na versão Empires de Dynasty Warriors 9, nós vamos além disso. Nesta versão da franquia da Omega Force, possuímos todos os aspectos de gerenciamentos e de estratégia, que dão uma cara nova ao título.

Após moldar um personagem do zero, num criador de personagens bastante decente, que lembra bastante o que vimos em Nioh 2, vamos para a parte mais burocrática. Esta parte é dividida por meses. Incorporando gerenciadores de uma província, no início, podemos fazer escolhas como: realizar pilhagem, coletar fundos, recrutar soldados e assim por diante. Dependendo de como criamos o personagem – ou escolhemos um já existente – podemos ser recrutados por um soberano dentre várias figuras históricas interessantes dos Três Reinos. Após nos afiliarmos a uma líder, temos várias opções extras.

Estratégia presente
Estratégia bem presente

Na minha campanha, fui recrutado pelo senhor da guerra Meng Huo, famoso dentro da história por ser relacionado a tribos bárbaras e vir de uma região fronteiriça no sul da China. Assim que fui recrutado, tudo ficou mais interessante. Podia passear pela região, conversar com outros personagens ou fazer amizades e aliados, o que poderia no futuro me levar a um laço de irmandade ou a um casamento. 

Quando já estamos sob o estandarte de algum dos senhores da guerra, a batalha e os combates realmente começam, e falaremos deles logo mais. Temos várias opções que vão sendo desbloqueadas com o desenrolar da jogatina. Escolhas essas que estão em fortalecer defesas, atacar um território inimigo ou se defender. Tudo vai depender de como gerimos nossos recursos e das escolhas que fazemos.

O objetivo para alguns jogadores pode ser estabelecer a paz, seguindo as ordens de um grande líder militar; já para outros pode ser se tornar o supremo regente do Império do Meio, trajando a túnica amarela do Imperador da China. 

Manejando a espada

Mas nem só de burocracias e feitos diplomáticos vive Dynasty Warriors 9: Empires. O jogo possui, como todos os jogos do estilo Musou, batalhas em campos de guerra, nas quais encarnamos poderosíssimos personagens e dizimamos centenas de soldados com um só golpe. Infelizmente em DW9: Empires temos um retrocesso, que chega a ser irritante. Explicarei nas linhas a seguir o motivo da minha irritação.

Depois do desastroso lançamento de Dynasty Warriors 9, o estúdio Omega Force produziu títulos incríveis dentro dessa categoria Warriors. Pirate Warriors 4 é extremamente divertido e fluído. Warriors Orochi 4 possui uma gameplay sólida, apesar de baseada em títulos anteriores e um host bem recheado. Hyrule Warriors: Age of Calamity usa o melhor de Breath of The Wild mesclado com os combos do estilo Musou, criando um jogo fantástico; e não podemos esquecer de Samurai Warriors 5, que com seu estilo de arte especial, sistema de combate magnífico, fluído e boa história, se consolidou como um dos melhores games do gênero já feitos.

Era de se esperar que DW9: Empires seguisse os acertos desses jogos e fosse uma experiência incrível (com relação à jogabilidade de combate). Mas é aí que a decepção veio e vimos que eles não escutaram tanto as reclamações dos fãs.Muitas das coisas terríveis da gameplay de combate, que vemos em DW9, estão de volta em Empires.

O sistema não é baseado em combos longos que dão liberdade de lutar como queremos, e sim em esmagar botões sem parar combinados com golpes que servem para levantar os inimigos nos ares, colocá-los no chão, deixá-los atordoados ou dar-lhes um mini golpe especial. Ou seja, temos pouco controle dos movimentos de luta do personagem, fazendo com que às vezes se torne tudo robótico ou aleatório – e não preciso nem falar que isso é terrível.

Gameplay não satisfaz no combate

Além disso, temos a opção de utilizar os Musou Attacks, que são golpes realmente especiais e devastadores, e as cartas de planos secretos, que podem invocar nevascas, fogo, chuva de ácido ou de flechas enquanto a batalha campal se desenrola. Essas cartas de planos secretos podem ser conseguidas enquanto jogamos e podem ser equipadas à nossa maneira de jogar. Uma das coisas mais odiadas na nona versão de Dynasty Warriors foi ele ser um sandbox, com um mundo aberto feio e vazio. Isso acontece também em DW9: Empires, porém em escala menor. Podemos passear por nossa região (o que é pouco aconselhável) e vislumbrar um mundo igualmente feio e vazio. Também podemos decorar nossa casa, o que é totalmente sem sentido e não foi uma mecânica bem implementada. 

A grande novidade está em como as batalhas se desenrolam, e isso pode se tornar enfadonho. Tudo acontece sempre próximo a um forte, se atacamos com um cerco utilizando o Siege, e geralmente precisamos defender os arietes e torres de cerco. Se estamos defendendo, precisamos destroçar essa torre, ou batalhões específicos, como batalhão de magos que podem encher o campo de batalha com veneno;, ou um esquadrão menor de soldados, que estão defendendo um ponto específico. 

Já foi mais divertido

já foi melhor. Apesar da parte burocrática e estratégica ser bem interessante e cheia de detalhes, temos em Dynasty Warriors 9: Empires uma chance de redenção desperdiçada. Com uma trilha sonora que é incrível, bom criador de personagens e muitas opções de armas e estilos de luta, podemos pensar que foi tudo um acerto, mas é só olhar e perceber que os cenários fracos e todos os erros da versão normal do título estão aqui presentes. Dynasty Warriors 9: Empires é como uma flecha que erra seu alvo, mas não completamente. Com seu sistema robusto de gerenciamento e sua jogabilidade dentro dos campos de batalha com qualidade questionável temos, infelizmente, mais um título medíocre que, na contramão dos últimos jogos da desenvolvedora, é passável.

O título aqui em questão pode divertir aqueles que, por algum motivo, gostaram de DW9, ou então os aficionados em história da China e fãs do gênero literário chinês Wuxia. Se quisermos um bom jogo com generais chineses combatendo centenas, Dynasty Warriors 8 Xtreme legends está logo ali. E se queremos dominar a China usando estratégia e diplomacia, podemos muito bem jogar um Total War: Three Kingdoms ou até mesmo Romance of The Three Kingdoms, da própria Koei-Tecmo.

O fato é que DW9: Empires beira o medíocre, contudo, por sua parte burocrática, as pequenas adições e melhorias, ele pode agradar alguns poucos, e merece, sim, em algum momento, a atenção de jogadores que apreciam títulos do gênero.

Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos desenvolvedores

Revisão: Jason Ming Hong 

Dynasty Warriors 9: Empires

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Sistema de gerenciamento
  • Trilha sonora
  • Criador de personagem

Contras

  • Desagradável visualmente
  • Problemas de performance
  • Traz os mesmos defeitos da versão comum
  • Gameplay não satisfatória
  • Muitos clones de armas e movesets