Ion Fury capa

Review Ion Fury (Switch) – Pixel e gore

Ion Fury é um jogo de tiro em primeira pessoa que presta homenagem à jogos clássicos do gênero FPS, mas com toques de modernidade e adaptação aos controles de plataformas atuais. Recentemente fiz a análise de um outro título bastante similar em sua proposta visual, e você pode conferir o texto aqui.

O jogo tem uma curiosidade técnica em suas entranhas já que foi desenvolvido numa versão modificada da mesma engine de Duke Nukem 3D, a Build Engine criado por Ken Silverman há mais de 20 anos. Além de que Ion Fury funciona como uma prequela de Bombshell, de 2016, um jogo de ação com visão isométrica que conta com a mesma protagonista Shelly Harrison.

Desenvolvimento: Voidpoint LLC, 3D Realms Entertainment
Distribuição: 1C Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Tiro, FPS
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Não
Plataformas: PS4, Switch, Xbox One e PC
Duração9.5 horas (campanha)/ 20 horas (100%)

A jogabilidade curta e grossa

A dama da noite

Ion Fury não faz uso de uma explicação do enredo ou uma história complexa, em vez disso prefere deixar a interpretação nas mãos a cargo do jogador e o lançar direto pra ação, onde a principal missão é derrotar o líder cultista Dr. Heskel’s. Sua única base para entender o que está acontecendo é uma rápida cena estática e a aparição da protagonista em sequência. Uma explicação pouco mais profunda pode ser encontrada em texto no menu read me do jogo, junto com algumas dicas e instruções.

A jogabilidade segue a linha dos “pais” do tiro em primeira pessoa, como Doom e os primeiros Wolfenstein, onde a movimentação transmite uma sensação de leveza e desprendimento da superfície por onde caminhamos. Adicionando recursos modernos e bastante úteis para quem joga nos consoles fazendo uso de controles com analógicos para mirar, Ion Fury traz o auxílio automático da mira, mas de uma forma um tanto… diferente e quase imperceptível.

O que se espera na ajuda desta opção geralmente é uma câmera que fica forçando o foco em um inimigo quando o comando é pressionado, mas curiosamente o jogo não faz isso de forma eficaz. No lugar disso, é necessário pressionar o botão de mirar e soltar para lançar uma rajada de balas, sendo possível realizar a façanha apenas com o revólver principal. Parece um processo simples na teoria, mas na prática esses poucos segundos custam sua vida.

Isso me faz questionar o porque não existe um comando para dar um zoom e direcionar a câmera automaticamente nos oponentes, o que facilitaria e muito, principalmente contra inimigos voadores – que são extremamente irritantes e difíceis de acertar.

Fases em texturas de baixa resolução

Felizmente, no caso do Nintendo Switch, existe a disponibilidade de ativar o sensores de movimento, o que aumenta um pouco mais a precisão do jogador de um modo geral. Mesmo assim, os inimigos parecem se misturar com o cenário por diversas vezes, e isso acontece por causa dos visuais 2D e texturas propositalmente de baixa resolução que embaralham a percepção do jogador ao diferenciar perfeitamente o que é cenário ou um personagem se movendo.

Quando a personagem leva um dano, a tela pisca na cor vermelha, mas não é possível saber de qual direção os tiros estão vindo, o que faz muita falta ao tentar identificar onde estão os inimigos. As batalhas acabam por ser um fogo cruzado constante, te fazendo procurar desesperadamente por seringas, armaduras ou kits médicos para recuperar a sua vida que cai numa velocidade incrível.

Diversão que decai

Arsenal vasto

Ion Fury é bastante divertido de imediato, e consegue cativar além de nos deixar animados para a próxima fase. Porém, a partir da segunda ou terceira é possível perceber que muitos elementos são reaproveitados. Inimigos, texturas, cenários e até mesmo a forma de progredir no jogo segue sempre uma mesma linha.

Abra portas, pegue cartões, elimine inimigos e siga em frente. É um constante looping de jogabilidade que acaba enjoando em poucas horas – quem sabe em minutos. Ao final de cada fase é emitido uma mensagem na tela caso você tenha deixado algum segredo para trás, o que tenta estimular o fator replay. Porém, sinceramente, não tive vontade de explorar o cenário para encontrar qualquer um destes segredos, já que minha maior preocupação foi ficar vivo acima de tudo e chegar ao fim na maior velocidade possível.

Um grande arsenal

Segredos restantes

A variedade de armas é um ponto pelo qual vale a pena jogar, a qual oferece uma quantidade bacana de diferentes formas e distâncias de se matar. O jogador pode usar desde o revólver principal à um arco flecha.Também existe a barra eletrificada em posse da protagonista desde o início, o problema é ser necessário a equipar para depois usar, diferente de jogos como Call of Duty ou Battlefield onde há um comando para uma investida corpo-a-corpo rápida que resolve o problema quase que de forma instantânea.

São vários os motivos que tornam Ion Fury um jogo de tiro em primeira pessoa um pouco desafiador além do normal – e até mesmo falho. Sua falta de um sistema de cobertura, mira imprecisa e picos de dificuldades repentinas com aparições de inimigos em grandes números pode frustrar até mesmo quem já está habituado e gosta do gênero. Você pode dizer “mas existe a dificuldade fácil”, e eu penso que o normal é sempre a dificuldade correta para se jogar qualquer coisa devido ao título autoexplicativo. A versão de PC conta com a possibilidade de inserir cheats, como o de saúde infinita, algo que seria bem-vindo por aqui para aqueles que querem apenas curtir a história sem ser alvejado em todo o tempo.

Um jogo mediano

Ion Fury acabou sendo pra mim um jogo que está na média. Não surpreendente pelo enredo e faz até abaixo do padrão em alguns aspectos. Fora a campanha, o jogo conta também com fases bônus, mas que podem não animar o jogador caso já tenha desistido por causa das falhas do jogo. As excelentes músicas e o arsenal de armas podem segurar a diversão por alguns minutos, mas provavelmente as mortes constantes e o uso do save (felizmente podemos salvar em qualquer momento) serão seus maiores “amigos” por aqui.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

Ion Fury

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Arsenal vasto
  • Boa atuação
  • Jogabilidade competente
  • Fases bônus

Contras

  • Mira ruim
  • Inimigos desbalanceados
  • Reaproveitamente de elementos
  • Looping repetitivo de gameplay