Moorhuhn Kart 2 capa

Review Moorhuhn Kart 2 (Switch) – Potencial escondido

Jogos de kart são normalmente um dos estilos mais escolhidos quando desenvolvedores resolvem levar seus personagens a um outro gênero. A galinha maluca Moorhuhn é uma figura que existe desde 1999, através de seu primeiro jogo baseado em obras como Duck Hunt e, por incrível que pareça, nunca ouvi falar sobre qualquer um de seus títulos através dos tempos.

O personagem já fez aparições em diversas plataformas como Windows, PlayStation 2 e até mesmo Nintendo Wii, mas parece que não é uma criação tão difundida – até porque o nome traduzido, nas Américas, é Crazy Chicken Kart. Moorhuhn Kart 2 é a continuação de um game também desconhecido por mim, mas que possui uma essência que exala o famoso Tuks Kart, o pinguim do sistema operacional Linux. Bom, com quantos drifts e power ups se faz um jogo bacana de kart?

Desenvolvimento: Higgs Games
Distribuição: Higgs Games
Jogadores: 1-7 (local e online)
Gênero: Corrida, Party, Multiplayer
Classificação: Livre
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

Inspiração claríssima

Pegada Mario Kart de ser

Moorhuhn Kart 2 deixa uma de suas maiores inspirações bem clara: Mario Kart. É inevitável qualquer game do estilo ter sido feito sem levar algo aqui e ali do spin-off de corrida mais famoso do mundo, ao mesmo tempo que existe bastante espaço para inovar neste meio. Eu mesmo considero Sonic Team Racing e Crash Nitro Fueled duas obras completamente diferentes de Mario Kart. O primeiro, do mascote da SEGA, aposta bastante nas corridas em dupla e em personalização dos carrinhos, enquanto que o jogo de corrida do marsupial que gira confia bastante no elenco de personagens e jogabilidade extremamente desafiadora – além de um modo história super bem bolado.

Já o indie alemão aqui não possui tanto foco em apresentação e introdução do jogador ao seu mundo. Tudo é bastante direto ao ponto, numa pegada arcade. Apenas entramos no menu inicial e já recebemos as opções de corrida. 

Apresentação mediana

Ao mesmo tempo que isso denota agilidade ao nos colocar logo nas pistas, também tem o perigo de parecer um produto que falta polimento. Mesmo sendo um jogo indie de – supostamente – baixo orçamento, existe espaço para ser criativo e chamar a atenção de quem adquirir o produto.

O jogo de kart da galinha maluca não se preocupa em explorar os personagens, pistas ou qualquer tipo de história. A sensação de jogar algo apenas por jogar é predominante. O que mais empolga é o modo Championship, que libera novos campeonatos ao vencer o anterior e, até mesmo, pasmem, reiniciar corridas de forma isolada a fim de não perder o campeonato ou pontos adquiridos (a maioria dos games de corridas não permite isso).

Tela dividida

Os cenários são bem construídos e bacanas, com pistas largas o suficiente para deixar o rastro de pneu através de um drift bem executado. Mas, o que deixa mesmo a desejar é todo o resto. Os objetos que simbolizam os power ups são completamente genéricos e nada mais representam do que uma esfera azul e sem personalidade. Os poderes adquiridos também são deveras problemáticos e existem alguns até inúteis, como um que permite seu kart pular uma certa distância e perder a aceleração – provavelmente, foi criado apenas para evitar um dos poderes que cria um obstáculo no chão.

Muitos power ups não podem ser direcionados para trás ou para frente, o que limita bastante a estratégia caso alguém lhe ultrapasse e você queira acertá-lo com um poder que permite ser usado apenas para trás. Mario Kart e seus similares contornam isso facilmente, possibilitando vários ataques dianteiros ou traseiros apontando a direção com o analógico.

Falta conhecimento técnico

Interface mal pensada

Em termos de linguagem visual, a interface como um todo é horrenda. Definitivamente o responsável não sabe criar componentes básicos de Hud e muito menos fazê-los os mais intuitivos possíveis. O símbolo de drift, por exemplo, é um fogo com um círculo que vai sendo completado ao encher a barra de boost, que concede ao personagem um impulso após soltar os freios. Alguns desenhos de power ups também não falam por si só o que significam, enquanto que as escritas de posição na corrida e largada parecem ter saído diretamente do recurso WordArt de documentos do Microsoft Word. Não costumo ser exigente com esse tipo de coisa, mas o designer de interface Moorhuhn Kart 2 fez por merecer estas críticas ao seu trabalho.

Por fim, o modo online depende completamente de você ter amigos que adquiriram o jogo. Os servidores são vazios e encontrar alguém jogando neles é uma tarefa impossível. Felizmente consegui convidar um conhecido para uma partida, mas o resultado não foi bom em 100% do tempo. Também não foi divertido o fato de não podermos adicionar bots juntos nas corridas online, deixando tudo bastante vazio e sem muito desafio. Por fim, houve alguns momentos de desconexão por parte da outra pessoa, o que fez com que a sala se encerrasse. Seria melhor permitir um sistema de buscas de sala enquanto nos aventuramos no single player, já que é terrível ter que ficar na esperança de encontrar alguém nos lobbies.

É um jogo competente, mas precisa muito de polimento

É triste ver que um jogo tão divertido como Moorhuhn Kart 2 deixa tanto a desejar em vários aspectos. Faltou bastante carinho no desenvolvimento e no polimento do produto como um todo, e isso envolve até mesmo a jogabilidade. Apesar de responder muito bem, o pulo para iniciar o drift é impreciso e passa a sensação de descontrole nas curvas. Os power ups também, como já mencionado, são genéricos e limitados em apenas uma direção, e isso sem mencionar, mais uma vez, a interface de usuário horrenda.

Adoro ver novos competidores no mercado de games de kart, assim como o maravilhoso Beach Buggy Racing da Vector Unit que admiro tanto. É plenamente possível fazer algo bem feito e inovador dentro do gênero, basta estar disposto a trabalhar um pouco mais para que isso aconteça.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

Moorhuhn Kart 2

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Jogabilidade competente
  • Personagens simpáticos
  • Pistas largas

Contras

  • Online morto
  • Interface péssima
  • Poucos modos de jogo
  • Sistema de colisão terrível
  • Power ups com limitação de direção