Embora seja um dos mangás e animes mais populares dos últimos vinte anos (e ainda esteja em andamento), One Piece nunca brilhou particularmente nos games, ao contrário de seu primo mais velho Dragon Ball. Talvez por sua natureza mais cartunesca em comparação a outros shonen, a obra de Oda nunca havia tido uma adaptação digna até hoje.
One Piece Odyssey é o jogo que todos os fãs do bando do Chapéu de Palha esperavam, depois do horrível World Seeker e do bom Pirate Warriors 3. O título desenvolvido pela ILCA, originalmente previsto para 2022 e depois adiado por alguns meses, é muito mais interessante e empolgante que todos os últimos jogos de Luffy e seus companheiros.
Desenvolvimento: ILCA
Distribuição: Bandai Namco
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Xbox One, Xbox Series X/S, PC, PS4, PS5
Duração: Sem registros
Revivendo memórias junto aos companheiros
Para criação de Odyssey, a Namco Bandai e a ILCA se concentraram no sistema mais clássico de RPG baseado em turnos. A história, neste caso, é original: um novo obstáculo inesperado surge diante de Luffy e sua tripulação, apanhados por uma tempestade que os arremessa na lendária ilha de Warford. Aqui eles conhecem, entre outros, a jovem Lim, que odeia piratas e, com seu dom, cancela todos os poderes e habilidades dos protagonistas com um único toque. A necessidade de recuperar as habilidades da tripulação do Thousand Sunny é o coração da aventura do jogo.
A trama segue o bom e velho método de One Piece: a chegada a um novo território enquanto eles buscam o famigerado tesouro de Gold Roger, a descoberta de segredos talvez relacionados ao passado de alguns dos protagonistas, e o confronto com alguns bandidos durante a busca pelo caminho da Grand Line.
Sem entrar em pormenores, One Piece Odyssey não se afasta muito desta fórmula, jogando também a cartada das viagens pelas memórias, visto que nos encontramos refazendo sagas históricas com as personagens que amamos, e conscientes de terem sido jogados para o passado (portanto, eles já sabem o que enfrentarão). Uma forma interessante de captar tanto o público que gosta de novas histórias, quanto aquele que curte reviver os acontecimentos do mangá. Um dos pontos fortes do jogo é certamente poder passear por locais como Alabasta ou Water 7, recriados com muito cuidado. Narrativamente, o pretexto usado para enfraquecer os personagens funciona e a viagem ao passado serve justamente para encontrar habilidades perdidas, permitindo enfrentar situações conhecidas sem dar ao jogador um grupo de personagens já muito poderosos.
Esticando os braços
One Piece Odyssey é um JRPG muito bom, e até interessante em certos aspectos. Dos famosos membros da tripulação, podemos selecionar quatro para serem enviados à batalha (que podem ser substituíveis a qualquer momento), e a área de combate é dividida em zonas, onde cada um dos heróis enfrenta um inimigo específico. Às vezes, todos os chapéus de palha se encontram divididos, já em outras eles surgem em pares, e por aí vai. Isso significa que, para ajudar um camarada em perigo, você deve primeiro enfrentar aqueles que estão à sua frente. Essa subdivisão em zonas é a uma novidade bacana nas lutas, que de resto são muito tradicionais e nos moldes de um Dragon Quest, por exemplo.
Ao recuperar cubos de memória e poderes espalhados pelas áreas de jogo, os personagens poderão potencializar suas habilidades inserindo elas em slots especiais. Os cubos são removíveis, o que permite gerir os poderes dos personagens do jeito que a gente quer. E há também equipamentos a administrar, num sistema que lembra um pouco o jogo Tetris e acaba sendo uma boa mecânica. Resumindo, não basta simplesmente treinar “grindando” e acumulando level com os personagens, mas cada um deles precisa da atenção estratégica certa.
Cada membro da tripulação tem habilidades específicas úteis para se preparar para a batalha. Com os ingredientes certos, Sanji prepara reforços para pontos de vida, para melhorar os status ou para neutralizar inimigos. Usopp cria esferas para lançar com o estilingue que geralmente causam fraquezas aos oponentes e Nico Robin desbloqueia a habilidade de fundir acessórios, dando-lhes múltiplas características. Enchendo seus bolsos com itens úteis, as batalhas contra chefes serão simplificadas.
Coletar itens e lutar serão as principais ocupações do jogador, mas também há espaço para quebra-cabeças ao explorar as masmorras, mas não se preocupe, pois não é nada muito complexo. Para deixar a exploração um pouco travada, há os diálogos contínuos da tripulação, bastante inúteis e muitas vezes repetidos, mitigados no entanto pela possibilidade de teletransporte sempre que acessível a partir do mapa, exceto em momentos particulares da trama.
Tecnicamente, o jogo não é assim tão incrível mas faz um ótimo trabalho, mantendo uma certa qualidade. O cel-shading certamente teria sido a melhor escolha, e acredito que algo como Dragon Ball FighterZ envelheceria melhor. O olhar geral ainda é muito bonito e às vezes deslumbrante, principalmente quando estamos num ponto elevado para apreciar o panorama. Obviamente, existem novos personagens entre aventureiros, coadjuvantes e criaturas, que combinam bem com o estilo de One Piece.
Içando velas!
Contando com música e a atmosfera perfeitas, especialmente ao percorrer os lugares famosos da série, Odyssey se torna uma verdadeira joia para os amantes de One Piece com uma história inédita particular que se integra perfeitamente à narrativa do enredo principal da saga. Os momentos de viagem no tempo tendem mais a nos fazer refletir e sentir uma ótima nostalgia. Em suma, o jogo é, antes de tudo, uma homenagem à obra de Eiichiro Oda, escrita por ele mesmo.
One Piece Odyssey é uma aventura cheia do espírito da obra de Oda, que pode nos fazer mergulhar fundo no mundo criado pelo mangaká mais popular dos últimos anos. É um JRPG puro e sem firulas, feito de confrontos nos quais você deve sempre ter cuidado com suas escolhas e planejar seus movimentos corretamente, com uma dificuldade geral que precisaria ser balanceada, e encontros aleatórios muito fáceis que nos levam a subestimar os chefes. Porém, a customização dos personagens em termos de equipamentos e habilidades torna divertido enfrentar os momentos difíceis, os quais são necessários para curtir a aventura.
No quesito técnico o game não é extraordinário, mas a atmosfera faz o seu trabalho para trazer a essência de One Piece ao alcance do padrão, e emocionar os fãs de Luffy e seus amigos. Assim, tudo se torna em uma experiência obrigatória para fãs do anime, e com certeza é um game ao qual os adeptos de JRPG devem dar uma chance.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
One Piece Odyssey
Prós
- Bom sistema de combate
- Jogabilidade sólida
- Tudo muito bem polido
- Ótima trilha sonora
- História e ambientação
Contras
- Pode ser repetitivo
- Não traz nada de novo
- Dificuldade desbalanceada
