Open Country Capa

Review Open Country (PS4) – Fugindo do mundo moderno

De uns tempos pra cá, tem sido cada vez mais difícil escapar do mundo barulhento em que vivemos ou se desconectar da vida virtual. É de se pensar que todos amam esse estilo de vida, mas, como qualquer mãe diria: você não é todo mundo. Alguns conseguem contornar essa forma de viver apenas silenciando notificações, mas outras precisam permanecer conectadas para trabalhar. Trilhas e acampamentos na natureza são escolhas recorrentes para essa problemática e que possam esquecer a Era Digital em que vivemos. 

Em tempos de pandemia, sair pode não ser a melhor escolha para todos, por isso, jogos no geral podem ser uma solução para essa escapatória. Porém, apenas games de sobrevivência e simulação podem te trazer uma experiência semelhante à da mãe natureza. Se The Forest é perturbador demais, Strand Deep é muito solitário e Subnautica é muito molhado para você, então Open Country pode ser um ótimo pedido do subgênero sobrevivência.

Desenvolvimento: Fun Labs

Distribuição: 505 Games

Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)

Gênero: Aventura, Simulação

Classificação: 12 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Xbox Series X/S

Duração: Sem registros

A aventura está lá fora

Open Country apresenta de início uma cinemática que mostra a insatisfação de um homem em viver na cidade grande por conta do barulho, dos lugares sempre cheios e de seu trabalho. Portanto, ele decide largar seu emprego e pegar um trailer para viver na natureza. Em seu caminho, ele para em uma velha pousada chamada Chalé Cume de Neve. Ao conversar com Gary, o dono do local, o protagonista é convidado a permanecer em um quarto em troca de favores para melhorar a pousada. A partir disso, uma série de missões primárias e opcionais são dadas e, com elas, todo o enredo é criado.

O que foi descrito é a história do modo single player, em que acompanhamos a jornada de um simples viajante à procura de uma aventura na mãe natureza. Por mais que na narração seja um homem, há uma criação de personagem em que é possível escolher o gênero. Contudo, essa criação é bem minimalista, podendo apenas mudar o rosto, cabelo e barba do personagem. 

O multiplayer de Open Country é um dos modos mais frustrantes que já joguei. Enquanto o single player possui uma constância narrativa bem divertida que estimula o jogador a melhorar seu personagem e ajudar Gary, o multiplayer não passa de uma partida rápida e sem muito estímulo. É possível jogar com até 3 amigos, mas não espere a mesma liberdade encontrada em jogos de sobrevivência cooperativa. Aqui, o jogador e seus companheiros escolhem um único mapa e a caça que querem abater, após matarem o animal selecionado todos voltam para o lobby. 

O tempo para finalizar depende do animal, e da vontade do jogo de fazer eles aparecerem. Durante uma jogatina, eu e mais um amigo levamos cerca de uma hora e meia para abater um cervo. Por outro lado, em outra partida, levamos 3 minutos para matar um alce. Vale ressaltar que os animais abatidos não servem de nada, não há nenhuma criação ou alguma recompensa, além da experiência de caçar em conjunto, o que é “divertido”.

Com quantos favores se faz um mestre em sobrevivência?

As recompensas recebidas ao completar uma missão.

Open Country conta com um sistema de RPG bem simplificado que exalta o quanto o jogador finaliza missões e sobrevive na natureza. Conforme favores são feitos para os personagens conhecidos, fichas de habilidade, experiência e tostões são recebidos. Este último é o dinheiro do jogo que é utilizado para comprar melhores armas, ferramentas ou roupas.

As fichas de habilidade têm um papel fundamental na evolução do personagem. No menu de habilidades há 3 categorias: armas, sobrevivência e artesanato. As melhorias em armas permitem uma maior estabilidade ao mirar, diminuir o desgaste, entre outras opções. Já a sobrevivência amplia a resistência do personagem no geral, a barra de vida, stamina, peso que pode ser carregado, velocidade, barulho feito ao se movimentar e etc. Já o artesanato é o mais simples, sendo apenas para diminuir a necessidade de materiais ao construir algo.

Todos esses aprimoramentos ainda possuem níveis de habilidade que definem o quão bom o personagem está naquilo, e eles se dividem em: novato, intermediário e perito. Por exemplo, a estabilidade da mira de um novato é de 10%, já a de um perito é 50%. Quanto mais alto for o nível mais fichas serão necessárias.

O menu de habilidades e, à direita, as insígnias.

Por último, mas não tão importante, a experiência define o progresso do jogador na vida selvagem. Conforme pontos de experiência são obtidos, insígnias são ganhas e representam sua maestria em viver na natureza. Elas servem apenas para mostrar sua evolução dentro do jogo, de um Russell (o garoto do filme Up – Altas Aventuras) para um Tarzan.

Desastres não naturais 

Open Country é bem bonito.

Nos últimos tempos, tornou-se natural o lançamento de jogos com pequenos problemas aqui, bugs ali, alguns travamentos, e por aí vai. Em Open Country esses problemas se parecem mais com verdadeiros desastres naturais, em que às vezes é melhor rir para não chorar.

Começando pela movimentação do personagem, ela consegue ser fluída em pequenos períodos do jogo, a não ser que você precise subir em algum lugar ou pular. Caso seja a primeira opção, existe uma animação pré-definida que só ao chegar perto de um objeto o personagem automaticamente sobe nele, e é aí que mora o problema. Essa animação é inconsistente, em lugares planos que devem ser escalados é um trabalho quase impossível, já locais como pedras molhadas ou troncos contorcidos ele sobe facilmente.

Outro ponto que vale menção são os terríveis delays de renderização, que mesmo após o loading acabar, todo o mapa é renderizado aos poucos e você permanece lá olhando tudo. Isso ocorreu poucas vezes, no entanto, são muito memoráveis. Junto com esse desastre, ocasionalmente quando um dos menus eram abertos ou fechados, o personagem ficava paralisado por uns segundos. Esse curto período parado ocasionou uma morte trágica para lobos. 

Uma viagem mal aproveitada

Open Country não é o pior jogo de sobrevivência, na verdade, ele está longe disso. Porém, poderia ser algo muito melhor caso o multiplayer tivesse a mesma dinâmica que o single player. Além disso, os problemas técnicos devem melhorar conforme patches são lançados e, talvez, alguns detalhes serão acertados. No fim, a experiência no PS4 não foi totalmente desagradável, contudo, é possível ver um potencial que não foi bem aproveitado.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Open Country

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Modo single player
  • Sistema de RPG

Contras

  • Renderização lenta
  • Movimentos inconsistentes
  • Travamentos repentinos do personagem