Pac-Man Museum+ para Nintendo Switch

Review Pac-Man Museum+ (Switch) – Waca waca waca waca

Pac-Man Museum+ é a coleção definitiva de uma série clássica. Como um bom museu, ela permite mergulhar em cada um dos 14 jogos disponíveis, além de observar a evolução, as possibilidades imaginadas e os experimentos (nem sempre bem sucedidos) para o “Come-Come”.

Desenvolvimento: Now Production

Distribuição: Bandai Namco Entertainment

Jogadores: 1-4 (local)

Gênero: Arcade, Ação, Puzzle, Plataforma

Classificação: Livre

Português: Não

Plataformas: Switch, PC, Xbox, PlayStation

Duração: 2.5 horas (campanha)

Come-come

Pac-Man e seus fantasmas

Ok, vamos lá. Sei bem que hoje em dia quase ninguém chama o Pac-Man de Come-Come, mas algumas décadas atrás esse nome era amplamente conhecido. Depois do surgimento das casas de fliperama, alguns poucos jogos conseguiram sair da bolha de seus jogadores diretos e se tornaram referência mesmo para quem não frequentava esses espaços. Pac-Man, com seu desenho simples e extremamente eficiente, conseguia transmitir exatamente do que se tratava o jogo. A versão em português do nome apenas acompanhava essa ideia primordial: Pac-man come (e come e come e come…) as bolinhas na tela até não sobrar nenhuma, e ele poder começar tudo de novo.

Claro que há ainda outro elemento fundamental no jogo. Além de comer as bolinhas, é preciso navegar pela tela evitando fantasmas coloridos que se movimentam atrás de você. Aliás, foi apenas com essa imersão em Pac-Man Museum+ que finalmente entendi os comportamentos de cada cor de fantasma, além de descobrir que cada um deles tem um nome, veja só! Mas nada disso é necessário. Pac-Man (estou falando apenas da versão original) é algo simples que pode ser jogado apenas com o controle direcional.

Pacs por toda a parte

Quem diria que há tanta variedade em Pac-Man?

Pac-Man Museum+ é uma coleção de 14 jogos diferentes de Pac-Man, partindo do arcade original de 1980 e passando por versões modificadas e um tanto obscuras, jogos de outros gêneros como aventura, puzzle e plataforma, remakes e jogos quase experimentais até chegar no mais recente, Pac-Man 256 (originalmente lançado como jogo de iOS em 2015 e no ano seguinte levado a consoles). Essa coleção está disposta como em um museu: a tela inicial consiste em uma sala com cabines de fliperama em que o jogador controla um Pac-Man tridimensional que pode se movimentar livremente e acessar diferentes máquinas com os jogos disponíveis.

Desse menu inicial já é possível acessar um box com instruções específicas de cada título, uma ficha técnica e um pequeno texto com informações históricas sobre cada versão. Essa ambientação é uma boa ideia para direcionar os jogadores a assumirem um espírito de contemplação das obras expostas e, em seu próprio tempo, explorarem e se demorarem naquelas que preferirem.

Esse salão é totalmente customizável a partir de colecionáveis que são recebidos ao passar um tempo em cada um dos jogos e também podem ser comprados com moedas. Elas possuem uma dupla função aqui, e servem de fichas para os fliperamas que precisavam delas originalmente; e de prêmio para pontuações elevadas, recordes e missões específicas de cada máquina.

Embora seja uma boa ideia, pessoalmente me desinteressei rapidamente pela customização e por controlar Pac-Man manualmente até cada máquina. Felizmente, também é possível acessar tudo que está disponível a partir de um menu lateral. Isso é especialmente bom quando circular pelo museu perde o encanto inicial e os problemas (principalmente a taxa estranhamente baixa de frames) se tornam mais evidentes.

Fliperamas

Marque suas iniciais nos rankings!

A princípio, nem todos os jogos se encontram liberados e é preciso desbloqueá-los jogando outras versões. Apesar de um tanto antipática, essa limitação ajuda a nos preparar para as mudanças que foram criadas e implementadas ao longo do tempo, além de controlar um pouco o ritmo da exploração. Existe uma progressão lógica entre os jogos, o que ajuda a criar uma narrativa coerente. Para jogar Super Pac-Man (1982), por exemplo, é preciso ter jogado o original algumas vezes. Assim, as novidades da nova versão, como chaves, portas e um item que deixa você gigante, podem se somar ao conhecimento básico de que é preciso fugir de fantasmas e comer o que está pelo jogo. Da mesma forma, Pac&Pal (1983), que adiciona uma personagem, está atrelado a esses dois títulos anteriores

Nem todos os Pac-Man da coleção são bons e divertidos, mas servem ao propósito de nos fazer conhecer a história e as inovações da franquia. A perspectiva isométrica em Pac-Mania (1987), por exemplo, dá ao personagem a capacidade de escapar dos fantasmas saltando, o que se torna uma experiência bastante sólida. Por outro lado, outros jogos em 3D como Pac’nRoll Remix (2007)  e o crossover PacMotos (2007) são interessantes para conhecer, mas não muito mais que isso.

Há ainda jogos que levam a jogabilidade tradicional para outros gêneros. Pac-in-Time (1995), é um plataforma que explora a história de um Pac-Man que volta no tempo para salvar sua família. Apesar de claramente datado, é divertido explorar seus níveis e tentar superar a dificuldade cada vez maior. Pac-Attack (1994) é um puzzle semelhante a Tetris, com mecânicas para devorar fantasmas. Pac-Land (1984) é o mais clássico dentre os que modificam totalmente a jogabilidade do original. Essa experiência de plataforma datada e trazendo movimentos simples e pouco interessantes, ao menos permite experimentar em primeira mão cenários e itens que são mais conhecidos que o próprio jogo. É de Pac-Land, por exemplo, o conhecido estádio da série Super Smash Bros.

Outra ficha, por favor

Criar uma coleção nem sempre é uma tarefa fácil, ainda mais quando falamos de games que estão por aí em incontáveis versões, reedições e cópias desde os primórdios dos videogames. Pac-Man Museum+, porém, tem alguns méritos importantes. O primeiro é o de incluir uma seleção variada que não se restringe a dar acesso a jogos, mas traz informações sobre eles e constrói uma narrativa histórica da série. Com isso, são incluídos títulos que não são tão interessantes em si, mas que podem ser apreciados no contexto do museu. 

O segundo mérito é o de premiar aqueles que decidem se dedicar a colecionar músicas, fundos de tela, e itens para o ambiente inicial. A gama de customização é bastante extensa, mas acaba perdendo um pouco do sentido por estar vinculada a um ambiente pequeno e que parece ter sido desenvolvido às pressas. Contudo, há outra importante forma de engajar os jogadores: os tradicionais rankings dos arcades são facilmente acessáveis e são online, que é algo que faz toda a diferença para quem busca se desenvolver em cada um dos jogos.

Pac-Man Museum+ não é a melhor coleção já feita, mas pode servir de exemplo positivo para outras. Como um museu não é apenas um depósito de peças artísticas, uma coleção virtual pode se inspirar e oferecer mais que a soma de suas partes.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Pac-Man Museum+

8.5

Nota Final

8.5/10

Prós

  • Coleção definitiva para fãs de Pac-Man
  • Excelente ponto de partida para quem quer conhecer a história da série
  • Missões e rankings online ajudam a atualizar a experiência

Contras

  • As muitas opções de customização não tornam a tela inicial mais interessante
  • Alguns dos jogos servem apenas como curiosidade