Saints Row é basicamente um GTA recheado de humor nonsense e loucura descontrolada, e não adianta tentar me dizer o contrário. Porém, a grande escala de insanidade no quarto jogo da série torna ele algo singular e totalmente único. Saints Row IV é como imergir completamente em um jogo de super-heróis com aspectos urbanos – goste você ou não. Neste texto irei tratar da versão definitiva de Saints Row 4, denominada Re-elected.
Desenvolvimento: Volition
Edição: Koch Media
Jogadores: 1-2 (online) e 1-2 (wifi local)
Gênero: Ação, Tiro
Classificação indicativa: 18 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One, PS4 e Switch
Duração: 15 horas (campanha) / 45 horas (100%)

Saints Row IV é simplesmente o jogo “ame ou odeie” de toda a série, tudo por causa de seus rumos tomados de ficção científica de uma forma… incomum. No quarto jogo você é nada mais nada menos do que o presidente dos Estados Unidos da América, e o início da história se passa durante uma missão bem sucedida de salvar o mundo de um foguete com uma bomba nuclear ao som de I Don’t Wanna Miss a Thing de Aerosmith.
O dia parece normal e glorioso para o protagonista até que, de repente, aliens invadem a terra comandados por Zinyak e começam a abduzir seres humanos, já o protagonista é colocado numa simulação, onde você passará a maior parte de toda a história.
A história é tão absurda quanto as mecânicas de jogo sugerem. Durante o desenrolar de tudo o protagonista vai ganhando literalmente poderes sobrenaturais, como telecinese, um jato congelante, outro jato de fogo, um poder de estremecer o chão, etc. Se eu tivesse que trazer algum comparativo, eu diria que Saints Row 4 é um jogo da franquia Spiderman, misturado com Sunset Overdrive e o já mencionado GTA. Parece um loucura, mas é incrível como tudo funciona tão bem. Tudo por aqui é tão absurdo que você acaba comprando as ideias que o jogo quer transmitir e “só vai”.
Fora os aspectos de super-herói que o jogo insere, também estão presentes os elementos já contidos nos jogos anteriores, como o upgrade do personagem em relação à saúde, força, poderio de armas de fogo e outras habilidades disponíveis no menu através do botão “menos” (no Switch). Através deste mesmo local também é possível chamar seus companheiros Saints, o que foi realmente útil em algumas missões onde morri absurdamente para aqueles alienígenas maiores.
Multiplayer punitivo
O jogo felizmente tem compatibilidade com o app do Nintendo Switch para smartphones, então podemos conversar por voz enquanto jogamos. Apesar de não gostar nada deste aplicativo e preferir sistemas internos de comunicação nos jogos, esse suporte é muito bem vindo – melhor do que nada, certo?
Porém, o maior pecado do multiplayer em Saints Row IV é que caso alguém se conecte em seu jogo e resolva sair no meio de uma missão, você é lançado de volta ao início dela. Injusto, não? Foi por este exato motivo que não joguei online por muitas vezes, já que pessoas aleatórias são bem propensas a sair sem motivo algum (aconteceu comigo 90% do tempo). Portanto, caso queira fazer a campanha do jogo em conjunto com alguém, é praticamente obrigatório procurar um conhecido que se comprometa a finalizar as missões com você, ou então optar pelo multiplayer na rede local ou pelo sensor de proximidade do Switch.
Como muitos outros jogos no console da Nintendo, Saints Row IV também não possui uma opção de convidar os amigos para a partida. Então se você vir alguém jogando o jogo em sua lista de amigos, vai bater aquele desespero básico por não ter uma forma de chamar aquela pessoa de forma nativa do sistema, tendo que apelar pra aplicativos de terceiros para mandar uma mensagem. Argh!

Só elogios
Algo que gostei muito foi sistema de GPS deste jogo, sua mecânica é excelente por mostrar visualmente o caminho que precisa ser seguido – como em jogos de corrida -, melhor do que ficar olhando no minimapa toda vez enquanto briga pela atenção dos olhos entre a rota e o guia visual.
Sobre dar sua cara às coisas, se você é como eu e gosta de personalização total do personagem para que ele represente seus gostos, Saints Row com certeza é o seu jogo de mundo aberto. Aqui você pode transformar completamente o protagonista escolhendo sexo, aspectos do corpo não amigáveis de se mencionar aqui, trajes, roupas de baixo, acessórios, tatuagens e tudo que você possa imaginar. Achou pouco? Seus veículos também podem ser personalizados e até mesmo ganhar um equipamento de nitro. Realmente os concorrentes de Saints Row nunca possuíram este alto grau de personalização quando tal recurso foi disponibilizado, então a franquia continua invicta.
Ah, agora preciso falar urgentemente do rádio, e no bom sentido. Pode parecer detalhe para você, mas para mim é algo que faz a total diferença quando estou jogando estes títulos de mundo aberto com vários pontos no mapa a serem seguidos. É simplesmente maravilhoso ter a capacidade de ouvir as músicas do rádio durante as travessias à pé, o que não me obriga a ouvir maçantes sons de passos ou do ambiente ao meu redor enquanto corro até meu objetivo. São os pequenos detalhes que tornam algo espetacular.
Também existem várias decisões de game design que só beneficiam o jogador, como teleportar do meio do mar diretamente para a superfície com um botão. Ao mesmo tempo que não faz sentido nenhum com a realidade, o recurso casa totalmente com a proposta do jogo de ser maluco. Obrigado por não me fazerem nadar até o pedaço de terra mais próximo.
Falhas maiores e outras menores
O jogo contém vários bugs de colisão, simples assim. Em vários momentos você vai perceber que seu personagem cai no chão sem o tocar, personagens sentam em cadeiras de forma totalmente descoladas, entre outras bizarrices que parecem ter migrado de geração e jamais foram corrigidas.

Outra crítica fica para ao sistema de mira, o qual traz um sentimento bastante intenso de que algo está me segurando, sendo bem difícil mirar em vários momentos durante a ação. Infelizmente o jogo não dá a opção de modificar isso. Bom, felizmente temos o sensor de movimento para quebrar esse galho pra nós, e isso torna a tarefa de acertar os inimigos muito gratificante. Mas queria mesmo era poder modificar livremente a forma como uso a mira, não custa nada (acho). Em contrapartida com as boas decisões de game design, existem coisas que eram feitas de forma bem saturada em gerações anteriores e são presentes neste jogo, como quicktime events bobos e sem necessidade que te obrigam a esmagar botões rapidamente.
Por fim e relativamente grave, o jogo apresentou erros e fechou ao iniciar por diversas vezes em momentos aleatórios antes do menu principal. Bastante frustante, mas pelo menos não perdi nenhum jogo salvo.

Se tratando do port em si, existem duas opções de resolução, a dinâmica e não dinâmica, as quais não fazem uma diferença gritante na performance do jogo, já que ele dificilmente atinge números próximos à 60fps. Já a resolução dinâmica ativada causa um efeito de inconstância em algumas arestas, o que dá um ar “trêmulo” em certos objetos mais distantes e mostra o serrilhado, além de um certo borrado em vários elementos. Bom, para uma opção como essa eu esperava bem mais eficácia em sua ativação, já que não temos diferenças brucas de performance independentemente da opção escolhida.
Exclusivamente para os brasileiros, este jogo não possui o idioma português do brasil, nem mesmo o de Portugal, então ficamos na mão desta vez.

Saints Row 4 é único
Como falei no início deste texto, o quarto jogo da franquia não é para todos. Se você gosta de GTA e algo mais pé no chão sem perder a noção de realidade, certamente Saints Row IV não o seu jogo. Agora, se você gosta da série desde os títulos anteriores e curtiu toda a mudança em termos de absurdo que foram apresentando ao longo dos anos, pegue este jogo sem pensar duas vezes.
A versão Re-elected de Saints Row IV para Switch infelizmente não acompanha o DLC Gat Out Of Hell, onde você – por incrível que não pareça mais à esta altura – visita o próprio inferno, mas pelo menos contém o conteúdo de Enter The Dominatrix e How The Saints Saved Christmas. Reiterando: controles por movimento estão presentes, e isso é maravilhoso.
Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pela Koch Media