Review Salt and Sacrifice Capa

Review Salt and Sacrifice (PS4) – Sem evolução, mas ainda é muito “bão”

Ah… o famigerado Souls-like! Muito proliferado, mas pouco amado! Acredito que isso ocorra pois as desenvolvedoras não usam a fórmula tão bem quanto a FromSoftware. Ou, talvez, a falta de amor se deve à dificuldade bem conhecida que espanta qualquer jogador, principalmente os novatos. Independentemente de qual seja o motivo, Salt and Sanctuary foi um indie do subgênero tão aclamado, que merece a atenção de qualquer um, até mesmo os que odeiam Dark Souls.

O título não apenas manteve o sistema de combate brutal e desafiador, como também as lutas de chefe épicas e uma narrativa subversiva riquíssima. Mesmo sendo conhecido como “Dark Souls 2D”, Salt and Sanctuary não é uma cópia e ainda detém um charme, por isso é tão aclamado. E, como tudo que é bom se repete, a Ska Studios emplacou Salt and Sacrifice e… ele acabou não mudando muita coisa.

Desenvolvimento: Ska Studios, Devoured Studios

Distribuição: Ska Studios LLC.

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, RPG

Classificação: 14 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PC, PS4, PS5

Duração: 12.5 horas (campanha)/27.5 horas (100%)

Sobrevivendo de Sal e corações

Criação de personagem inicial.

Como já é de praxe, antes de cair de cara no sofrimento, nós precisamos criar um personagem. Classe, gênero e características físicas são aspectos já reconhecidos e, aqui, não mudam nada. De todos, o grande diferencial, que detém muita importância em Salt and Sacrifice, é o crime que o personagem cometeu.

Esse delito tem influência no item que começamos como, por exemplo, escolher “incêndio” faz começar com bombas de fogo. Além disso, o crime é o motivo pelo qual iremos sofrer muito. Ao que tudo indica, existiam dois tipos de pena: a morte e ser um Inquisidor Marcado. Entre as duas, por incrível que pareça, a morte era a melhor escolha, contudo, se ela fosse escolhida, não teria jogo.

Então, o que seria um Inquisidor Marcado em Salt and Sacrifice? Bom, em um mundo corrompido por magos gananciosos por poder, isso representa alguém que cometeu um crime e bebe da Ruína dos Magos. Essa bebida faz com que o indivíduo seja imortal e tenha uma missão simples: sacrificar magos. Porém, diferentemente de outras inquisições, aqui você não vai queimar os hereges, mas sim comer seus corações com bastante Sal.

Em Dark Souls, a moeda são as almas. Seguindo a lógica, em Salt and Sacrifice, a moeda é o Sal? Sim e não. Matar inimigos faz com que Sal seja adquirido, mas eles também derrubam a prata. Enquanto o primeiro é sagrado e feito para melhorar o personagem, a prata é mundana e serve para comprar coisas do mundo.

Um arvoredo de possibilidade

Um pilantra tentando me sacanear.

Como é normal em Souls-like, é preciso derrotar inimigos e evitar a morte ao máximo, mas, uma hora outra, ela sempre vem. É bom deixar isso bem claro, pois Salt and Sacrifice é cheio de pegadinhas e armadilhas que facilitam esse trágico acontecimento. Por consequência, todo o Sal é perdido, mas pode ser recuperado, e, como foi dito, ele é fundamental para a aventura.

O Vale do Perdão é onde tudo que conseguimos em nossa inquisição é transformado para nosso auxílio. Existe um ferreiro que usa órgãos de magos para forjar armaduras, armas e acessórios. Uma herborista junta materiais orgânicos para melhorar poções, assim como o Frasco Fulcral (cura) que é preenchida ao chegar em Obeliscos, altares que servem de checkpoint. Há um altar que permite infundir nossas armas e melhorá-las. Por fim, existem também vendedores, donos de guilda, uma casinha nossa que serve para juntar troféus de abates e, o mais importante, uma Estátua Santificada.

A herborista em sua cabana.

No topo do Vale do Perdão, uma estátua angelical aceita Sal em troca de Pedaços de Estrela. Ao subir de nível, não podemos escolher status específicos, como força, destreza, vontade e afins. Porém, sempre que o personagem é melhorado, ele automaticamente recebe vida e, a cada dois níveis, um Pedaço de Estrela Negra ou Branca também é recebido.

Agora, para conseguir melhorar a força, a destreza ou a vontade desse inquisidor, a estátua celestial também oferece uma árvore de habilidade. Com uma quantidade enorme de ramificações, é nessa árvore que são aprimorados aqueles status específicos. Além deles, também desbloqueamos a capacidade de usar armas e armaduras de classes maiores, ou seja, melhores.

As raízes da árvore de habilidades.

Salt and Sacrifice dá uma liberdade expressiva para criar e mesclar vários tipos de builds. Enquanto o Pedaço de Estrela Negra permite aprimorar os status, a Branca é utilizada para reiniciar eles, permitindo que alternâncias sejam feitas. Aliás, a quantidade de armas também é grande, e algumas podem possuir habilidades únicas que permitem explorar ainda mais o potencial com builds diferentes. Tudo isso é planejado unicamente para “descer o sarrafo” em mago safado.

Comendo mago na porrada

Iniciando uma caçada de mago.

O que não falta em Salt and Sacrifice é pancadaria, sangue, inimigos e magos. A violência é desenfreada até com você e seu psicológico, porque vai ter tanta morte que você vai sentir ódio dos magos. Portanto, é aqui que você vai descontar sua raiva em Harry Potter, Gandalf e Doutor Estranho – aliás, que filme ruim, esse último. Ou naquele seu amigo que joga de mago e fala que Souls-like é fácil – brincadeira, pois não tenho nada contra.

Parando com a brincadeira definitivamente, em Salt and Sacrifice, o combate não é muito diferente do normal por aí. Podemos usar um ataque rápido, forte, correr, pular, defender e esquivar, tudo isso a custo de estâmina. A maior diferença é que não tem um espaço amplo para fazer tudo isso, logo, as escolhas ficam limitadas a usar cambalhota para esquerda ou direita.

Falando assim até parece fácil, mas aqui já aparece um problema bem chato que frustrou muito na minha experiência. Os inimigos, e principalmente os chefes, podem “combar” habilidades e ataques, e, mesmo que você fique no chão, eles ainda podem atingi-lo. Ou seja, você não fica invulnerável para se recuperar e habilidades específicas ainda podem lhe ferir. Um exemplo disso foi em um clipe que coloquei no Twitter, no qual, antes de me levantar, o inimigo já usou um golpe final e me matou. Os chefes são os mais suscetíveis a matar em uma mistura de habilidades e golpes. Caso a estâmina acabe, não tenha dúvidas de que você pode não só sofrer um golpe, mas também morrer.

Voltando aos vilões de Salt and Sacrifice, vamos falar dos magos. Existem quatro tipos deles, cada um com seu nível de dificuldade. Não posso falar muito sobre, pois seria spoiler, mas o que posso dizer é que os corações deles servem para abrir portas e novas áreas no jogo. Aliás, mesmo após matar um mago de um elemento próprio, ainda será possível encontrar outros iguais. Isso acontece e serve para que mais órgãos sejam pegos e, assim, novos equipamentos sejam criados. Infelizmente, não há uma variação muito grande deles, além dos elementos.

Exploração e linearidade

Achando uma ferramenta importante para o progresso.

Além de portas trancadas por magia e que usam corações como chaves, há outros aspectos que fazem Salt and Sanctuary ser um pouco de Metroidvania. Espalhados pelas ruínas desse mundo corrompido por ganância, há corpos de antigos e, com eles, encontramos ferramentas importantes.

O mundo de Salt and Sacrifice não é nada linear, e existem muitas áreas que se interligam. Uma forma de explorar mais e chegar a locais inimagináveis é usando essas ferramentas. Um exemplo simples é o gancho, que usamos em pontos brilhantes para alcançar alturas maiores. Existem outras ferramentas com cada uma permitindo explorar novos locais e encontrar novos desafios, como outros magos.

Ambiente sombrio e desolado.

Como foi dito, o mundo é corrompido e desolado. Há muitos NPCs em situações deploráveis, cada qual com uma história triste de como os magos são desumanos. Após morrerem, esses usuários de magia voltam a forma humana e questionam as ações feitas pelo Inquisidor, deixando tudo subversivo e confuso.

Assim como a aparência de Salt and Sacrifice, a sua trilha sonora é tensa, épica e, às vezes, melancólica. Ela funciona bem e complementa a ambiência do título. O design de áudio também tem sua presença, tendo magias e contato de lâminas sendo expressivo, o que amplia a sensação de impacto e imersão.

Muito bom, mas sem evolução

Ao meu ver, a Ska Studios se contraiu ao fazer Salt and Sacrifice. O jogo não é ruim, e é uma excelente recomendação para quem terminou Elden Ring e quer algo mais. O problema é que, com tanto potencial, o título não arrisca ou traz muitas novidades. Para se ter uma ideia, muito do que foi dito aqui será visto em Salt and Sanctuary, além da narrativa. Em compensação, começar por Salt and Sacrifice é possível, pois não há uma ligação direta com o antecessor. Porém, para quem é apaixonado pelo Souls-like, ambos são extremamente recomendados, sendo um dos melhores indies do subgênero.

Cópia de PS4 cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Salt and Sacrifice

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Narrativa épica
  • Múltiplas opções de criação de build
  • Exploração grande e divertida
  • Design audiovisual
  • Variedade de armas e armaduras

Contras

  • Sem evolução
  • Mecânica de combate frustrante