The Sorrowvirus: A Faceless Short Story tinha tudo para se destacar no saturado mercado de jogos, prometendo uma abordagem única ao terror psicológico com uma história que mergulha profundamente em temas de luto, desespero e a incessante busca pela cura de um mal incurável. Porém, a execução desse conceito rico em potencial é comprometida por uma série de escolhas questionáveis de design e a insistência em adotar mecânicas de jogo desatualizadas, resultando numa experiência que deixa a desejar.
Desenvolvimento: Watchmaker
Distribuição: eastasiasoft
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Terror
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PC, Xbox One, PS4
Duração: 1 hora (campanha)
O Roguelite disfarçado de ciclo
Em seu cerne, a história de Wyatt Heyll, preso num ciclo infinito entre a vida e um purgatório pessoal, é relativamente emocionante. A trama explora o desespero de seus pais em busca de uma cura e o sofrimento eterno de Wyatt com um potencial tremendo para um jogo de terror psicológico impactante.
Porém, o que deveria ser uma imersiva jornada emocional é frequentemente interrompido por um gameplay frustrante, em especial, seu design de puzzles e a estrutura roguelike, que parece mais um obstáculo do que um recurso. Sem falar na jogabilidade interativa que mais parece um filme, já que você simplesmente precisa procurar objetos no cenário e ficar andando por aí a esmo.
Desespero desesperador
A estrutura cíclica existente aqui, projetada para criar uma sensação de urgência e desespero, acaba tendo o efeito oposto. A necessidade de completar instâncias do purgatório em sessões de uma hora, sem a opção de salvar o progresso, é uma escolha que em teoria adicionaria tensão, mas na prática apenas ressalta os aspectos mais tediosos.
Especificamente, os puzzles se revelam uma busca exaustiva por objetos ocultos em cenários escuros e confusos (o que piora na versão borrada do Switch), dificultados ainda mais pela randomização e uma pressão de tempo implícita que ameaça deixar você preso no purgatório por um erro trivial.
A adesão ao formato roguelike, com sua ênfase na repetição e progresso incremental, em vez de enriquecer a narrativa, transforma a experiência num vai-e-vem desnecessário que dilui o impacto emocional do ciclo contínuo de morte e renascimento de Wyatt. Esse formato, saturado no mercado de jogos indie, mina a profundidade da narrativa de The Sorrowvirus, transformando o que deveria ser uma reflexão sobre mortalidade e perda num teste de paciência.
Além dos problemas de design, a versão para Nintendo Switch apresenta desafios adicionais. Apesar de a funcionalidade de modo de espera oferecer uma saída para o problema da falta de saves, os efeitos de iluminação reduzidos comprometem a atmosfera e tornam os puzzles ainda mais frustrantes. Isso é especialmente problemático em um produto que depende fortemente de sua atmosfera para criar tensão e imersão.
Mais um Roguelike no mercado
Em última análise, The Sorrowvirus: A Faceless Short Story serve como um lembrete do que acontece quando o conceito é priorizado em detrimento da jogabilidade. Embora a premissa e a atmosfera prometam uma experiência envolvente e profundamente narrativa, as escolhas de design falhas e a implementação de mecânicas atadas transformam o potencial de The Sorrowvirus numa experiência que frustra mais do que fascina. O que poderia ser um marco para títulos de terror narrativos acaba sendo uma oportunidade perdida, preso num purgatório de sua própria criação..
Cópia de Switch cedida pelos produtores