O ano era 2020 e a PlayStation viria com uma mudança de estratégia impensável: trazer seus principais jogos para PC. Uma mudança de narrativa que causou – e ainda causa – grandes debates na internet, e até fora dela. Alguns títulos tiveram grande expressão em seus lançamentos e outros nem tanto, e aqui iremos trazer dados da Steam para criar um parâmetro e analisar o que deu certo, além do que poderia ter sido melhor.
Horizon Zero Dawn – A cobaia de um grande experimento
Há 3 anos, chegava o primeiro game dessa leva nas lojas da Steam e Epic Games. O mundo gamer não seria mais o mesmo com o lançamento de um game até então exclusivo da PlayStation: Horizon Zero Dawn, que chegou aos PCs para alegria de muitos que sequer cogitaram algo parecido acontecer. Foi a primeira vez que ligávamos um game no PC e víamos a abertura da empresa japonesa rodando em outras máquinas.
Como era de se esperar em toda primeira vez de uma empresa adentrando um novo mercado, ocorreriam casos de tentativa e erro, que seriam usados como experiências. E o game da Guerrilha veio com vários problemas de desempenho, mas que foram corrigidos com o tempo. O título conseguiu um pico de jogadores interessante: 56.557.
Days Gone – Uma grata surpresa
Em maio de 2021, Days Gone chegou aos computadores, onde além do seu lançamento, Jim Ryan – CEO da empresa – dizia que a fila só estava começando a andar, pois viria muitos outros depois. E essas falas contradiziam o que foi comunicado à imprensa em abril de 2020, logo após um vazamento da Amazon francesa listando Days Gone para PC, no qual tudo foi desmentido. Um caso de pronunciamentos que envelheceram mal.
E foi assim que a PlayStation seguiu, fazendo de conta que não havia faltado com a verdade ao mesmo tempo em que lançava um dos seus melhores ports. As aventuras do motoqueiro Deacon atrás de suas esposa em um mundo infestado por zumbis corredores não teve o mesmo impacto da conversão anterior, mas conseguiu bons números dentro da sua popularidade que não era das melhores entre os próprios fãs nos consoles. Seu pico foi de 27 mil jogadores.
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God of War – Um sonho se transformando em realidade
Se tem algo que virou a chave de vez em como víamos as propriedades da PlayStation, foi quando God of War veio para os computadores: se o deus da guerra chegou aos computadores, qualquer um poderia vir depois. E o curioso foi o fato dele não ser apresentado em nenhum evento, já que a Sony simplesmente subiu o trailer no Youtube em outubro de 2021 com data de lançamento marcada para janeiro de 2022. Foi uma verdadeira guerra na internet, e isso acarretou um pico de 73.529 jogadores na Steam, o melhor número absoluto até agora para a gigante japonesa.
O jogo também já viria com DLSS, Nvidia Reflex e vários outros aprimoramentos, além também de ficar disponível por um curto período no GeForce Now. Houve um marketing bem pensado para o título, e todos os erros dos títulos anteriores, por menores que fossem, não foram replicados aqui.
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Marvel’s Spider-Man Remasterizado – Continuando a entregar o melhor de seu catálogo
O primeiro semestre de 2022 ficou com uma grande janela não preenchida depois da aventura de Kratos e seu filho Atreus. Mas, em agosto, foi a vez do cabeça de teia de aranha. Marvel’s Spider-Man Remasterizado, game que veio baseado na versão de PlayStation 5, e foi a primeira vez que víamos um preço de 250,00 reais praticado por aqui.
Contudo, não parece que o preço assustou, pois ele atingiu 66.436 em seu pico máximo, apenas um pouco abaixo de God Of War. E a conversão foi muito boa, sendo o primeiro trabalho da Nixxes, que foi comprada pela Sony para portar exclusivos para a plataforma.
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Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões – O começo dos tropeços
É a partir desse título que as coisas ficaram um tanto confusas nessa leva de conversões de jogos para os computadores. A coleção Legado dos Ladrões, que trazia no pacote o Uncharted 4 junto com o standalone Lost Legacy, causou estranheza logo no seu anúncio em setembro de 2021, onde viria no começo de 2022 com sua versão para PlayStation 5 e no mesmo ano para o PC – mas sem grandes detalhes sobre quando. As perguntas eram muitas: porque não lançaram antes a trilogia remasterizada de PlayStation 4 para o público de PC ter uma conexão maior com aquele universo? E porque retiraram o modo Multiplayer Online, que seria um grande chamariz para aquele novo público? E em que momento de 2022 seria lançado?
Como se não bastasse, no mês seguinte foi anunciado God of War para PC já com data definida para janeiro do ano subsequente. Era de se imaginar que a aventura do Nathan Drake demoraria algum tempo para não ficar com um lançamento próximo ao game do Deus da Guerra. Chegou 2022, e boatos diziam que o game sairia em junho, o que não se confirmou e ainda trouxe outro anúncio, com uma data de lançamento próxima: Marvel’s Spider-Man Remasterizado, para agosto do mesmo ano. Quando o jogo da Naughty Dog estava quase caindo no esquecimento, eis que em setembro – um ano depois do primeiro anúncio – o game recebe uma data oficial para o mês seguinte, mostrando uma falta de cuidado por parte do marketing da Sony em querer disponibilizar o game em um mês tão concorrido. O resultado dessa bagunça não foi outro: a Coleção Legado dos Ladrões amargou apenas um pico de 10.851 jogadores, se tornando o pior lançamento da PlayStation no PC – até então.
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Sackboy: Uma Grande Aventura – Alguém pediu?
Eis que no mesmo mês, com diferença de poucos dias, havia outro título da PlayStation chegando aos computadores. Sackboy: Uma Grande Aventura, jogo do universo do Little Big Planet, um game com um nicho menor, tanto para o pessoal dos computadores quanto para os consumidores de console. E de todas as grandes discussões na internet na época que se especulava qual jogo poderia vir para o PC, esse game ganhava uma e outra citação e nada a mais do que isso.
Alguém da PlayStation achou uma boa ideia lançar com um marketing que se resumiu a um trailer e em um mês super badalado, próximo até de Uncharted. O resultado? Pior possível: 610 em pico de jogadores.
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Marvel’s Spider-Man: Miles Morales – Injustiçado no PC
A aventura do Miles Morales também sofreu pela falta de cuidado com os anúncios, já que ele foi divulgado com diferença de 8 dias da pré-venda do Uncharted. Foram anúncios muito próximos, que comprometeram o desempenho de ambos, mesmo que Miles tenha sido lançado no mês de novembro. Contudo, não houve muito marketing envolvido nesse título já que ele era uma DLC standalone do grande Marvel’s Spider-Man, que dispensava apresentações.
Um jogo do universo do Homem-Aranha, um dos super heróis mais famosos do mundo se venderia por si só, não? Errado, pois faltou força nas teias do Miles Morales que fez apenas 13.500 em seu pico máximo, uma queda grande comparado ao jogo anterior. Dos jogos menos expressivos em pico de jogadores da PlayStation no PC, este foi o que mais causou espanto. Alguns dizem que o preço ainda estava alto para um jogo com uma campanha curta, outros alegam que em novembro muitos jogadores já haviam gasto bastante em jogos que saíram nos meses anteriores. Existem muitas teorias para explicar esse desempenho tão fraco.
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Returnal – O primeiro do PlayStation 5
No dia 15 de fevereiro de 2023, Returnal chegou aos computadores. Foi a primeira vez que vimos um jogo que não estava disponível para PlayStation 4 sendo disponibilizado para os computadores, quebrando a ideia que só jogos da antiga geração ou remasterizados viram ser portados por ora.
Mesmo com ótimos elogios sobre a versão e o jogo em si, Returnal amargou a segunda pior estreia da Sony, com 6.691 jogadores simultâneos. Isso foi algo que não surpreendeu muito, dado que tratamos de um jogo que não teve tanta expressividade nem no console, ao contrário das outras franquias.
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The Last Of Us Part 1 – Popular pelos motivos errados
Depois de sucessivos números baixos, a Sony apostou em um remake 1:1 de um dos grandes sucessos da Naughty Dog: The Last Of Us Part 1. Com visuais totalmente aprimorados, o jogo seria lançado no dia 03 de março de 2022, enquanto a série baseada no jogo ainda estaria sendo transmitida pelo canal HBO.
Tudo parecia normal, até que algo estranho aconteceu: um adiamento para o dia 28 do mesmo mês. Com isso, a questão de timing não podia estar mais errada, devido nessa época a série de TV já ter acabado e com pouquíssimos dias de diferença de lançamento a outro remake: Resident Evil 4. Mas a cereja do bolo veio mesmo no dia do lançamento, com um game com inúmeros bugs e problemas de desempenho que nem computadores mais potentes passaram ilesos. Uma situação incomum foi um game da PlayStation ser tão mal avaliado na Steam ao ponto de muitos quererem receber um reembolso, alegando um período de compilação de shaders que passava de duas horas, o qual era o período máximo de contagem para pedir o dinheiro de volta à loja da Valve.
A partir daí, o jogo virou um meme gamer ambulante, só se falava dele na internet, ofuscando até mesmo o Resident Evil 4. Inúmeros compilados de vídeos mostrando um bug mais bizarro que o outro. No fim, a aventura de Ellie e Joel repaginada chegou aos 36 mil jogadores simultâneos, um número interessante, mas que podia ir muito além se não fossem todos os problemas técnicos. Hoje, a experiência está muito melhor, mas é difícil tirar a primeira impressão.
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Ratchet & Clank: Em Outra Dimensão – Nixxes trazendo um port primoroso
No fim de julho, fomos agraciados com mais uma conversão de um jogo exclusivo de PS5: Ratchet & Clank: Em Outra Dimensão, que trouxe muitas dúvidas se ele rodaria bem em computadores que não usavam o poderoso SSD do PlayStation 5. No fim, ele se mostrou bem competente rodando até em configurações com discos rígidos normais. A velocidade era a mesma? Não, mas bem próxima. Aqui, o problema foi mesmo ter pulado o reboot de PS4 e deixar os jogadores sem uma conexão ideal com o game, algo semelhante com o caso do Uncharted.
A aventura do Lombax e seus amigos não passou dos 8.757 jogadores simultâneos. Números baixos, mas o jogo não tem o mesmo apelo que outras propriedades intelectuais da PlayStation e talvez sua meta não fosse tão alta – e isso nunca saberemos.
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Oportunidades perdidas
Existem vários pontos que podem ter afetado negativamente o desempenho inicial dos títulos da Sony no PC. Não se começa uma grande saga pelo final, como foi o caso do Uncharted, a trilogia remasterizada seria muito bem vinda pela comunidade ajudando a criar um laço consistente com as aventuras do Nathan Drake, e só assim depois lançar os dois últimos títulos.
Na época do anúncio de Ratchet & Clank: Rift Apart, os responsáveis deveriam ter aproveitado o momento para lançar o reboot de 2016. Outro caso de jogos que seriam muito bem recebidos pela comunidade é o tão falado Bloodborne. Se a Sony fizesse uma pesquisa para saber quais títulos os consumidores gostariam de ter no PC, este jogo estaria em uma das primeiras posições.
E a Sony também tinha uma mina de ouro nas mãos com o jogo Dreams, da Media Molecule. Além de ser um jogo de plataforma com campanha, seu foco era a criação de conteúdo próprio, muito mais complexo que um Mario Maker, por exemplo. Contudo, este ano o suporte ao jogo será encerrado, enterrando de vez um projeto tão promissor.
Outro caso é a falta de visão em não disponibilizar seu catálogo mais antigo, como clássicos da época das primeiras três gerações do PlayStation, além dos portáteis PSP e Vita. Um exemplo bem claro seria uma coleção dos games da saga God of War. Seria fantástico toda uma saga que traz a identidade da marca reunida em um grande pacote. Existe uma grande demanda de retrogames na comunidade de PC já que, na falta de algo oficial, precisa sempre recorrer a emuladores.
Outro ponto interessante a se analisar é a questão de preço e data de lançamento, que aqui pecaram muito. Quem está nos computadores não está sabendo só sobre sua plataforma, mas também tem conhecimento do que é lançado somente para consoles. E se um port estiver custando o preço cheio enquanto disputa com games atuais, a situação fica um pouco delicada. Você compraria um jogo que já viu bastante gameplays, ou algo que seja realmente novo?
Um potencial ainda não explorado em sua totalidade
O consumidor de PC só teve a ganhar com essa iniciativa da PlayStation vir para o PC, enquanto a Sony conseguiu um faturamento extra com jogos que já lucraram ao máximo enquanto eles eram exclusivos de consoles. Era impensável jogar um God Of War de PS4, por exemplo, rodando de forma nativa nos computadores – isso sem contar títulos como Horizon Zero Dawn, Uncharted, The Last of Us, entre outros. O consumidor agora tem as opções de jogar em desktops, notebooks e até mesmo escolher seu computador de mão, a exemplo de Steam Deck e ASUS ROG Ally. Contudo, além de ter mais cuidado em relação a data de lançamentos, a PlayStation precisa ser mais assertiva e escutar a comunidade, ao invés de escolher por ela qual jogo portar