Lembra do Jet Set Radio? Os produtores de Bomb Rush Cyberfunk certamente não se esqueceram dele. Inspiradíssimo em um dos maiores clássicos da história da SEGA, o jogo é mais uma cápsula temporal que tenta resgatar o espírito da sexta geração de consoles que foi perdido pelo tempo. Por ironia, o game desenvolvido pela Team Reptile até sucede nisso, mas compartilhando dos mesmos pontos negativos e fatores positivos da franquia em que tanto o inspirou.
Desenvolvimento: Team Reptile
Distribuição: Team Reptile
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Plataforma
Classificação: 12 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, Switch, Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5
Duração: 10 horas (campanha)/24 horas (100%)
Um mundo de arte
Bomb Rush Cyberfunk coloca o jogador na pele de Red, um grafiteiro que conseguiu escapar da prisão. Só que no meio do caminho, ele literalmente perde a cabeça, que é trocada por uma lata velha por seus comparsas. Logo em seguida, acaba se unido à Bomb Rush Crew, com a missão de conquistar todos os territórios de Nova Amsterdã, enquanto busca por respostas a respeito dessa pitoresca situação em que sua cabeça foi colocada.
Os objetivos são simples: grafitar e mandar combos radicais para se destacar em relação aos times rivais, além de evitar cair nas armadilhas policiais novamente. A pretensiosa narrativa não é o ponto forte do jogo, que, infelizmente, conta com um universo desinteressante e cutscenes que chegam a destoar do tom do game de tão maçantes que são.
No final das contas, Bomb Rush Cyberfunk não é tão criativo como parece ser, visto que o foco principal está em fazer o que a SEGA não fez desde 2002, quando Jet Set Radio Future saiu para o primeiro Xbox. A Team Reptile conseguiu criar um sucessor espiritual da franquia que chega a ser tão imperfeito quanto o original.
Déjà vu
A franquia criada pela SEGA é conhecida principalmente por sua estética. Se deixarmos a nostalgia de lado, é possível perceber só um jogo com mecânicas horríveis e um design de fases completamente medíocre, mas envelopadas em um universo que exala estilo, graças aos excelentes e inovadores visuais para a época em que foi lançado.
Isso não é tão diferente assim quando se trata de Bomb Rush Cyberfunk. O pessoal da Team Reptile capturou essa estética ao ponto dos gráficos se igualarem a um jogo de Dreamcast e até os mapas serem parecidos. As texturas não possuem detalhes, sendo somente borrões com uma definição extremamente baixa. Contudo, o jogo acerta na parte musical, tendo até Hideki Naganuma, um dos compositores dos games originais, marcando presença na trilha sonora.
Entretanto, Bomb Rush Cyberfunk imita Jet Set Radio até em seus piores aspectos, sem trazer melhorias ou evoluções em relação a outros jogos do gênero. A Team Reptile tentou, já que o título permite que skates e bikes sejam utilizados em adição ao patins, mas sem sucesso. Só é possível realizar manobras nos locais e objetos em que o jogo permite, e a física não consegue propiciar uma gameplay precisa ou divertida.
É impossível não comparar o modo de skate com Tony Hawk, e nisso, o jogo decepciona devido à sua falta de dificuldade, já que tudo é exageradamente simplificado e, consequentemente, entediante. O título sofre com problemas que são inexistentes desde o primeiro lançamento da franquia da Neversoft, em 1999. Bomb Rush Cyberfunk também possui elementos de combate em vários momentos da campanha, com confrontos mal planejados que não funcionam e não agregam ao conjunto da obra. Os chefes, inimigos e obstáculos que surgem no decorrer da história apenas quebram o ritmo da gameplay.
Poderia ser tecnicamente melhor
O mundo de Bomb Rush Cyberfunk tem seu charme, mas isso não se aplica ao design de interface, que sofre com textos em uma fonte pouco legível. Em geral, a parte técnica é um tanto decepcionante, até quando consideramos que esse jogo foi criado no motor gráfico da Unity por um estúdio indie.
Faltou um polimento geral, pois existem problemas nas animações dos personagens e nas sombras do mapa. Mesmo com as configurações no máximo, o game apresenta falhas na renderização de objetos distantes do mapa, com eles sempre surgindo abruptamente na ambientação.
Apesar do alto custo nas plataformas em que está disponível, o jogo sequer conta com uma dublagem completa em suas cenas. Porém, os responsáveis providenciaram uma localização para o português brasileiro, com legendas em todas as cutscenes. Em monitores ultrawide, essas cenas são apresentadas com barras pretas em todos os lados da tela, evidenciando que o jogo precisa de um cuidado maior nesse aspecto do título.
A homenagem perfeita?
É engraçado como a única coisa que Bomb Rush Cyberfunk acerta sem ressalvas é na estética, assim como os títulos que serviram de base para a Team Reptile. Para quem gosta de estilo, esse é um ótimo jogo. No entanto, o game não é uma experiência interessante para quem aprecia uma boa gameplay, já que as limitações dela faz com que o título nunca atinja o seu devido potencial.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno