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Review The Persistence Enhanced (Xbox Series S) – Rogue-like e terror mediano no espaço

Em uma mistura bastante inusitada entre Rogue-like e terror, The Persistence Enhanced nos coloca na pele de Zimri Eder, a chefe de segurança de sua respectiva nave, que dá nome ao jogo (The Persistence), que acorda depois de estar atordoada por horas e descobre que toda sua tripulação sofreu uma terrível mutação – e alguns estão mortos – e tudo está indo em direção a um buraco-negro. Sua missão é mudar o trajeto e fazer sua nave voltar de volta à Terra, enquanto tenta se manter viva. The Persistence originalmente foi lançado em 2020 como um game de VR, depois foi adaptado para controles convencionais, e agora acabou recebendo uma versão atualizada para a nova geração de consoles (e PC) com algumas melhorias, de certa forma, significativas.

Desenvolvimento: Firesprite Ltd‬
Distribuição: Firesprite Ltd‬
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PS5, Xbox Series X/S, PC
Duração: 10.5 horas (campanha)/23 horas (100%)

Explore, atire, morra, reviva, repita

Ativando o escudo para repelir ataques inimigos

Eder, logo nos primeiros minutos de jogo, descobre que na verdade está morta na mesma sala em que acordou, porém, a inteligência artificial da espaçonave a trouxe de volta através de um clone perfeito que cria uma exata cópia de seu cérebro. Com o auxílio da I.A., a protagonista precisa trilhar seu caminho até as salas necessárias para ativar os mecanismos da nave, a fim de setar o destino de volta ao planeta Terra.

Apesar de ser considerado um jogo de terror, é preciso dizer que The Persistence não consegue aplicar uma ambientação do gênero tão bem assim. O máximo que pode ocorrer é darmos de cara com um tripulante mutante da nave que está parado nos corredores aqui e ali. Por outro lado, também existem aqueles que vem correndo em sua direção emitindo grunhidos monstruosos, mas que não querem nenhum efeito competente em trazer o elemento necessário em games de terror: medo. O máximo que pode acontecer é levarmos um susto de vez em quando, e mesmo assim isso acaba sendo raro.

Eder é equipada com Dark Matter (matéria escura) em seu traje, algo que permite com que ela se teleporte a alguns metros de distância após apontarmos a direção e apertar o botão A. Essa ação claramente foi criada no lugar de um comando de correr, já que a movimentação da personagem é completamente lenta. Acredito que isso é culpa de sua versão original, já que The Persistence foi pensado para algo em realidade virtual. Porém, em algumas áreas da nave esse elemento é desativado por um campo que inibe o uso da habilidade, deixando a protagonista em desvantagem e ainda mais lenta.Além disso, portamos a arma básica, a chamada Harvester, que possui ataques bem fracos corpo-a-corpo e que tira pouco dano dos inimigos, mas na verdade tem outros fins que não são exatamente o combate.

O Rogue-like que é Rogue-lite

Upgrades nos equipamentos

Tratando-se dos elementos de Rogue-like, que eu diria que se parecem mais com um Rogue-lite (quando seu progresso não é perdido), The Persistence é bem menos frustrante do que eu esperava. Os inimigos não são tão inteligentes assim, e mostram até um alto nível de previsibilidade, eu diria. Com isso, facilmente podemos bloquear a maioria dos ataques utilizando o escudo e, em seguida, acertá-los com a Harvester quando estes estiverem de costas para os eliminar e sugar seus Stem Cells, que são as moedas usadas para comprar upgrades. Porém, existem outras categorias de “monstros” que são mais resistentes e não permitem esse tipo de procedimento, exigindo tiros com armas de fogo ou danos com armas de curto alcance mais potentes. Mesmo assim, a variação dos inimigos é bem baixa, trazendo mais uma mudança na cor de seus trajes em Decks em níveis mais difíceis.

Uma vez que morremos, Eder é enviada de volta para a sala inicial, considerado como o hub, retornando em um novo corpo clonado. Aqui podemos realizar upgrades permanentes em elementos como a barra de saúde, quantidade de dano causada pelos ataques corpo-a-corpo, eficácia da furtividade, descontos nas lojas da nave, melhoria nos loots quando inimigos morrem, aumento da barra de Dark Matter. Todas essas melhorias utilizam a Stem Cells, que são encontradas em corpos, recipientes espalhados pelo cenário que são ativados com a interação do personagem ou simplesmente explorando o ambiente e coletando-as em cima de superfícies.

Armas de fogo

Quando completamos a missão em uma certa área da nave, é possível avançar para o próximo Deck pegando um atalho no feixe de luz, marcado no mapa, que teleporta Eder.

Em alguns trechos do gigantesco local labiríntico, existem pontos de venda de equipamentos defensivos, itens consumíveis, armas de curto alcance e de fogo. Estes itens, para serem desbloqueados, custam Erebus Tokens, que encontramos na própria exploração do ambiente. Quando liberamos um produto no ponto de venda, este fica disponível para ser comprado com Fabchips (itens encontrados pela nave), como também sua munição, sendo necessário esperar um tempo para que a máquina recarregue seus produtos após nossa compra.

Assist mode: uma benção
Assist mode: uma benção

Apesar de ser, de certa forma, difícil – ou pelo menos foi criado com esse intuito -, The Persistence Enhanced sabe da frustração que muitas pessoas podem sentir ao se depararem com um Rogue-like. Por isso, há um modo no menu chamado Assist Mode, que ativa uma série de modificações para que todos aproveitem o enredo da melhor maneira possível. Aqui, podemos ajustar uma série de elementos, como quantidade do dano recebida, ativar a visualização de inimigos através da parede, a velocidade com que eles correm e atacam, além de habilitar o teleporte infinito sem gastar Dark Matter. A única consequência é não conseguir desativar esse modo no save em questão, sendo necessário começar tudo de novo. Além disso, o Assist Mode desabilita as conquistas do Xbox.

Extras valiosos, performance defeituosa

Corpo jogado no chão

Além do modo História, existem também os Challenges no menu principal, criado para estender o tempo de jogo. Aqui, somos apresentados a mapas com condições diferentes para testarmos nossas habilidades de sobrevivência, como o Glass Cannon, que nos coloca em ação com apenas 1 de HP e uma e um arma super poderosa à nossa escolha – que eliminam inimigos com um tiro -, de acordo com aquelas que liberamos no jogo principal; e o First Blood, que nos equipa apenas uma faca e sem qualquer escudo protetor.

Após finalizar o enredo uma vez, o modo Survival é liberado, como também o modo Campaign +. Caso consigamos a proeza de morrer menos de dez vezes na campanha, o modo Permadeath é desbloqueado – boa sorte com o masoquismo.

Em termos de performance e atualizações para a geração Xbox Series X/S, jogando no Xbox Series S, The Persistence Enhanced mostra-se satisfatório, rodando em estáveis 60 fps com pouquíssimas quedas em raros momentos. Porém, ao ativar o ray tracing, tudo vai por água abaixo, e claramente os desenvolvedores não testaram neste console antes de lançar o pacote de atualização. Com esse efeito ativado, tudo fica injogável, derrubando o framerate em menos de 20 fps. A impressão que fica é de que estamos jogando em câmera lenta. Porém, não pense que os gráficos mudaram tanto em relação ao game original de 2020, já que os visuais são bem datados e as mãos de Eder parece um título da era PS3/Xbox 360.

Uma versão levemente melhorada de um jogo “ok”

The Persistence Enhanced não tem grandes atualizações que justifiquem a compra de sua nova versão. Caso você já tenha o game original, não faz tanto sentido assim migrar para a Enhanced, já que a maior diferença é na questão de performance, luz e ray tracing.

The Persistence, em si, é bastante mediano e repetitivo, trazendo uma movimentação bastante lenta, combate um tanto quanto maçante, cenários bem parecidos – além de extremamente escuros – e inteligência artificial abaixo da média. A exploração é divertida, e acaba sendo a parte mais bacana. Os elementos de Rogue-lite se encaixaram bem na proposta (quase) terror espacial e tiro em primeira pessoa, e fico bastante feliz de que tenha um modo fácil para que todos possam aproveitar da forma como preferirem. Vale a pena experimentar, mas, se você tiver o título original, fique com ele.

Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores

The Persistence Enhanced

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Opções de dificuldade personalizável
  • 60 fps estáveis
  • Exploração instigante
  • Upgrades
  • Modo Challenge e extras

Contras

  • Incrivelmente escuro (propositalmente)
  • Ray tracing quebrado
  • Repetitivo
  • Combate e movimentação ruins
  • Inimigos e cenários quase sem variação