.hack G.U. capa

.hack//G.U. Last Recode (Switch) – Inesperadamente razoável

Uma saga que atravessou vários tipos de mídias, desde animações, light novels e jogos de videogame. A licença .hack foi uma das primeiras a colocar o MMORPG como tema central, coisa que se tornaria comum, até banal depois do sucesso de Sword Art Online e seus derivados. 

.hack//G.U Last Recode é um bolo inesperado que a Bandai Namco trouxe para a festa de 15 anos da franquia, um remaster completo com todas as obras reunidas em um só produto. Finalmente os fãs poderão desfrutar por completo da história de Haseo e Atoli, e tentar se divertir em The World 2.0.

Desenvolvimento: CyberConnect2
Distribuição: Bandai Namco
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Ação
Classificação: 14 anos
Português: Não
Plataforma: PS4, PC, Switch
Duração: 82 horas (campanha)/13 horas (100%)

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Um remaster inesperado

No menu iniciar, .hack//G.U. Last Recode nos dá a possibilidade de jogar, logo de cara, um dos três episódios originalmente lançados no PlayStation 2: Rebirth, Reminisce ou Redemption. Junto da trilogia, um mini episódio bônus também está disponível, chamado Reconnection, se tratando de um mini-episódio com cerca de seis horas, desenvolvido exclusivamente para esta edição com engine das obras anteriores.

Se você é novo em .hack//G.U., recomendamos fortemente que você comece com Rebirth, que apresenta todos os elementos de jogabilidade durante um divertido tutorial, enquanto serve como uma exposição para o universo particular e complexo de .hack. Ele também é ótimo para conhecer as tramas que circundam Haseo e cia. 

Em 2002 ou mesmo em 2007, data de lançamento de .hack//G.U. Last Recode, não existia no mercado mainstream nada como .hack. A light novel de Sword Art Online ainda não havia sido colocada no papel, e nem ninguém sonhava com a famosa adaptação em mangá, anime ou videogame. .hack é então, em seu lançamento, o único J-RPG de ação que ocorre em uma simulação de MMORPG, o singular título a ver seu cenário dividido em capítulos saindo com alguns meses de diferença, e até mesmo o único jogo a oferecer uma experiência “transmídia”, cujo mundo vai além da simples estrutura de videogame para abraçar vários outros formatos. Em resumo, .hack leva abaixo certas limitações da época, levando a uma jornada interessante. 

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Diálogos exageradamente longos

Apesar de uma leve e bem vinda reformulação na jogabilidade, .hack//G.U. permanece igual, e as cutscenes ainda são desnecessariamente longas e cheias de diálogos que estão lá somente para encher linguiça, além de que parte da trama se passa em fóruns falsos nos quais é precisamos explorar e escavar para encontrar informações, etc.

Fora disso, de uma missão para outra e de um jogo para outro, passamos por muita reciclagem de elementos gráficos: personagens, decorações, níveis inteiros e outros são reaproveitados para encenar a ação. No entanto, do ponto de vista puramente técnico, este remaster .hack//G.U. faz tudo bem feito. Modelos e animações certamente ainda são tão simplistas, com movimentos muito mecânicos, mas a própria estética do título, assim como os confrontos e as cutscenes muito dinâmicas, passam despercebidas. 

Character design interessante

No entanto, e em comparação com o que há de melhor no gênero, mesmo os remasters como Final Fantasy XII, os sets são tão pobres, vazios, tão repetitivos quanto o original. Mesmo a cidade que serve como um hub para os personagens não apresenta variações suficientes para cativar a atenção. Aliás, o próprio tema da série e da franquia, é, em partes, responsável por essa repetitividade. 

Ter a capacidade de se teletransportar para qualquer mundo criado a partir de palavras-chave provavelmente não ajudou os desenvolvedores a entregar mundos mais polidos. O episódio final desenvolvido para esta compilação não escapa a essa observação, reciclando lugares e mapas já vistos, mas, de toda forma, oferecendo um fim satisfatório. 

Erro: Atualização Necessária? 

Sistema de combate merecia mais
Sistema de batalhas merecia uma polida melhor

As cutscenes e cinemáticas estão no nível do que podemos aceitar hoje em dia, mas seremos um pouco menos tolerantes com os sistemas de combate, que é algumas vezes não satisfatório. Existe aqui uma gameplay simples, eficaz, mas que rapidamente nos enjoa e, como uma simulação de MMORPG obriga ao grinding, isso pode ser um problema. 

Se compararmos a outros jogos como Ys VIII: Lacrimosa of Dana ou Star Ocean: Till the End of Time, que são mais antigos mas usam sistemas parecidos, vemos a real problemática daqui. Os jogos citados possuem um ritmo gostoso durante os embates, e dão uma sensação melhor, com  maiores possibilidades de interação e combos entre personagens. Mesmo após seu lançamento original, a obra falhou um pouco nesta seção de jogabilidade, que, apesar de pouco melhorada, ainda não é satisfatória, e ainda assim consegue proporcionar momentos de diversão 

Atualização Concluída

.hack G.U Last Recode é bom dentro daquilo que poderíamos esperar dele. Como um novato dentro da franquia, infelizmente não pude deixar de comparar com outros jogos do gênero e ver que ele é sim inferior a certas obras, mas mesmo assim ele é divertidíssimo e pode propiciar várias horas de jogatinas com combates e intrigas em The World 2.0. 

A obra vale sim a pena se você é fã da franquia, ou simplesmente quer experimentar um dos J-RPGs de ação mais originais do PS2 sem ter que sofrer com texturas borradas, ou ter que encontrar sua máquina guardada numa caixa da sua vó Cleusa.

Com duração de algumas centenas de horas, a aventura muitas vezes toma desvios inesperados, e as primeiras horas não deixam de fazer você sorrir se você tem a infinidade de ou referências aos hábitos dos jogadores de MMORPG. No entanto, a remasterização pode ser bem sucedida tecnicamente. 

Dito isso, .hack. G.U Last Recode  é uma pedida justíssima para os que, como dito acima, querem uma experiência satisfatória sem ter muito trabalho e desejam algo com uma boa duração de vida. O novo final mais amarrado deixa tudo mais aprazível, seja aos fãs de longa data ou aos jogadores de primeira viagem, os quais, acredito eu, não irão se decepcionar com a série. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

.hack//G.U. Last Recode (Switch)

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Novo final para encerrar a trama
  • Pode trazer boa nostalgia aos fãs
  • Golpes e personagens agradaveis visualmente

Contras

  • Podia ser bem melhor
  • Dialogos desnecessários e gigantes
  • Estetica repetitiva, reutilizada e pouco inspirada
  • Pode ser enjoativo