Na última década, o gênero de simulação ganhou um carinho e uma atenção especial dos fãs de jogos eletrônicos. Títulos como The Sims 4 (2014), Cities: Skylines (2015) e até Stardew Valley (2016), mesmo com focos distintos, figuram entre os mais populares até hoje. Seu subgênero de sobrevivência também não fica para trás, pois Rust (2013) e ARK: Survival Evolved (2015) renovam sua base de jogadores a cada nova atualização. Mas o que leva alguém a se aventurar em propostas como essas?
Open Country é um vindouro jogo de simulação e sobrevivência para PC, desenvolvido pela FUN Labs e distribuído pela 505 Games. Com sua data de lançamento prevista para o dia 10 de junho, o que podemos esperar até lá?
Desenvolvimento: FUN Labs
Distribuição: 505 Games
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Aventura, Simulação
Classificação: 10 anos
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PC, PS4, Xbox One
Duração: Sem registros
I’m gonna take my horse to the… wild road?
Em Open Country, há dois modos disponíveis: single player e multiplayer. No single player o protagonista é um viajante que, ao ver o Chalé Cume de Neve, decidiu parar na pequena pousada em busca de um quarto para descansar antes de prosseguir com sua jornada. O dono do local, Gary Kinnsch, oferece abrigo de graça ao homem em troca de algumas tarefas para ajudar na manutenção do prédio. A partir daí, uma série de objetivos são traçados e a história se desenrola.
Desde as missões iniciais que envolvem a coleta de recursos e a criação de utensílios, existem tutoriais sendo exibidos na tela para introduzir o jogador ao básico da sobrevivência: apanhar itens para construir ferramentas essenciais, montar um acampamento e abastecer-se de provisões. Procurar qualquer coisa nos ambientes abertos pode parecer um desafio à primeira vista, principalmente por causa das cores fortes do cenário, que acabam confundindo a visão e fazendo muitos objetos passarem despercebidos. Entretanto, os objetos-chave das missões aparecem no espaço indicados por um contorno amarelo, o que facilita bastante a progressão da história.
Já no modo multiplayer não há qualquer tutorial disponível e tampouco uma narrativa a ser acompanhada. Uma sessão pode ser criada por qualquer membro do grupo de amigos e hospedada no servidor do jogo, de maneira pública ou privada. Sessões privadas só podem ser acessadas através de convites, enquanto as públicas ficam visíveis para qualquer jogador no lobby principal. Além da escolha do mapa e algumas outras definições, há a opção de especificar um animal-alvo, ou seja, o modo cooperativo do Open Country nada mais é do que uma caçada pré-determinada.
Além de outras limitações que falarei mais a frente, pouquíssimas coisas conseguem ser mais desestimulantes em jogos de grupo do que a falta de conteúdo a ser explorado. Tal aspecto fica ainda mais evidente quando se trata de um survival game, já que os participantes são restringidos à uma caça enquanto buscam comida e bebida pelo caminho. A péssima IA dos animais selvagens – que simplesmente aparecem e desaparecem à plena vista, bem ao estilo Cyberpunk 2077 – também contribui de maneira negativa à experiência, tornando-a extremamente entediante.
Quem tem cão, não caça com gato
Voltando ao sistema de missões, conforme você avança e cumpre os objetivos, dinheiro, fichas de habilidade e pontos de experiência são ganhos como recompensa. Com o dinheiro, melhorias para armas e outros equipamentos podem ser desbloqueados em determinados NPCs espalhados pelo mapa, enquanto as fichas de habilidade servem para ser gastas no menu de habilidades
Nessa interface, três abas separam as vantagens em armas, sobrevivência e artesanato. Em cada uma delas, diversos aprimoramentos podem ser adquiridos para otimizar certas ações realizadas pelo personagem principal ou suas próprias características. Os aprimoramentos possuem três níveis, em que cada nível representa o quão forte ele se encontra. Por exemplo, a vantagem Esgueirar diminui o barulho dos passos ao correr ou andar em terreno ruidoso. No nível novato, o barulho é diminuído em 10%; intermediário, em 25% e perito, 50%. Pela facilidade que as fichas são conseguidas, a adição dessa mecânica – semelhante a RPGs, diga-se de passagem – é muito bem aproveitada pelo sistema.
Os pontos de experiência servem apenas como representação visual de sua progressão dentro do Open Country. Seis insígnias podem ser desbloqueadas para mostrar sua ascensão como aventureiro: Escoteiro, Explorador, Descobridor, Patrulheiro, Guardião e Mestre. A quantidade de pontos de experiência entre as categorias é quase a mesma, mudando significativamente apenas entre a penúltima e última insígnia.
Por fim, um último aspecto da jogabilidade que vale a menção está relacionado ao comumente conhecido como “melhor amigo do homem”. O personagem principal, tanto no modo single player como no multiplayer, poderá realizar as missões ao lado de seu cachorro, que o auxiliará em buscas por rastros ou em caçadas a outros animais. Mas tenha responsabilidade: alimente-o e cuide de suas necessidades ou será somente você contra a vida selvagem.
Mãe Natureza, meus parabéns!
Tratando-se de aspectos mais técnicos, a parte visual do jogo é muito boa. Todos os cenários são muito bem desenhados e as paisagens naturais conseguem se aproximar do que títulos triplo A entregam. A trilha sonora, principalmente do menu, apesar de soar genérica em algumas partes, contribui de maneira positiva na atmosfera. Os efeitos sonoros passam a sensação de estarmos realmente ao ar livre, tornando o quesito imersão totalmente satisfatório.
No desempenho, por outro lado, existem muitas maneiras de melhorar. Começando pelas diversas telas de fatal error, principalmente no multiplayer. Foram cinco tentativas com o jogo fechando sozinho após exibir essas telas até conseguir criar uma sessão online. A movimentação do personagem também não é um exemplo de fluidez, lembrando um robô em determinados pontos, além disso, objetos mais ao fundo do campo de visão aparecem mais serrilhados do que o normal. Tais problemas não são difíceis de corrigir com um patch ou outro e espero que isso aconteça até o lançamento.
Um sentimento agridoce
Baseado no material disponível até agora, Open Country será exatamente o que se propõe a ser: um survival adventure razoável o suficiente para valer o tempo gasto. Porém, tem potencial para muito mais. Um maior investimento nas mecânicas baseadas em RPG e nos conteúdos coop seriam muito bem-vindos e, com certeza, fariam-me tentar convencer mais três amigos para uma jornada num mundo aberto mais desafiador. As ideias já foram apresentadas, agora queremos seu desenvolvimento.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami