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Review Dex: Enhanced Edition (Switch) – Entrando no mundo cyberpunk

Desde que o subgênero cyberpunk surgiu, poucas foram as vezes que ele ficou de fora de produções diversas, como livros, cinema e – claro – videogames. Essa visão distópica do mundo povoa o imaginário social, criou obras magníficas dentro da cultura pop e nos permite refletir o rumo que a nossa sociedade – com seus erros e acertos – está tomando.

Mergulhando fundo nessa temática, a Dreadlocks trouxe pra gente um jogo futurista, apresentando uma sociedade tecnológica que se encontra mergulhada no caos de nome Dex: Enhanced Edition. Trata-se de um RPG de ação com elementos metroidvania, que conta com charmosos gráficos em pixel art, e progressão lateral (2D). O game foi lançado inicialmente em 2015 para PC, PS4 e Xbox One e agora está chegando para o popular híbrido da Nintendo.

Desenvolvimento: Dreadlocks
Distribuição: Qubic Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Plataforma, RPG
Classificação indicativa: 14 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One
Duração: 11 horas (campanha)/ 17 horas (100%)

Lutando contra o Complexo

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Na história, o mundo em que vivemos é controlado por grandes e corruptas empresas. Esse conjunto de empresas que controla não só a vida das pessoas como também o mundo virtual (ciberespaço) é chamado de Complexo. Em meio ao controle social que o Complexo impõe, um grupo de hackers liderados por Raycast passa a se opor aos desmandos da grande empresa. Nesse clima de guerra civil pela libertação das pessoas do controle do Complexo é que somos apresentados a uma personagem de cabelos azuis chamada Dex.

O jogo começa com Dex sendo despertada por Raycast. O hacker – que parece conhecer muito nossa protagonista – diz que algumas pessoas estavam atrás da jovem e a orienta a procurar um homem, em um bar de Fixer`s Hope, de nome Decker. Ele a ajuda a fugir de seus perseguidores e passa a auxiliá-la durante a jornada.

As principais características cyberpunk estão presentes: o domínio de gangues, a violência, implantes tecnológicos, domínio empresarial, etc. Dentro da construção narrativa do jogo, a protagonista encarna a figura quase messiânica de uma salvadora (Neo de Matrix mandou um beijo).

A jovem se mostra uma prodígio dentro do mundo hacker. Conseguindo se infiltrar nos sistemas sem a necessidade de um “jack”, um dispositivo de conexão localizado no pescoço das pessoas. Cabe então a Dex somar forças com o grupo hacker rebelde para acabar com os planos do Complexo.

Charmosos gráficos pixel art

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Uma das coisas que mais me chamaram atenção no jogo foi o seu visual. Ele replica os gráficos pixalizados da era 16 bit de forma primorosa. Harbor Prime é uma cidade sombria e tecnológica e, apesar de não ser muito grande, os cenários são variados (com zonas industriais, periféricas, áreas de gangues, esgotos etc) e bastante detalhados. Essas áreas são interligadas e, uma vez desbloqueadas, podemos fazer uma viagem rápida para qualquer parte do mapa, o que nos possibilita poupar um pouco de tempo durante nossa jornada.

A trilha sonora do Dex não é memorável e não apresenta variações durante os confrontos ou em partes importantes da história. Apesar do ritmo techno casar bem com a pegada cyberpunk do game, essa ausência de variação acaba nos tirando do clima do jogo e destoa do que estamos vendo em tela.

A história se desenvolve num ritmo lento, sem entregar muitas coisas sobre o passado da protagonista. Os mistérios sobre a trajetória de Dex e Raycast são contados conforme avançamos na jogatina. O game possui uma vasta linha de diálogos dublados – todos legendados em português – onde nossas respostas criam ramificações no caminho que traçamos na jornada.

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Essas ramificações não alteram tanto a dinâmica da história. Mas, ainda sim são bastante interessantes ao dar a sensação de escolha. Além das missões principais, temos algumas missões secundárias que servem para ganharmos dinheiro, itens, armamentos e, principalmente, experiência. Toda vez que subimos de nível, ganhamos pontos de habilidade que podem melhorar alguns de nossos atributos (resistência, corpo a corpo, alcance longo, hacking, lockpicking, carisma, realidade aumentada e negociar).

Podemos ainda adquirir implantes tecnológicos que proporcionam novas habilidades para Dex, possibilitando alcançar áreas do mapa que até então não estavam acessíveis. Porém, há um número limitado de espaços disponíveis para isso. E uma vez que esses aprimoramentos são equipados, não podemos mais removê-los. Então, escolha bem o implante que você deseja.

Defina como será seu gameplay

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A escolha dos atributos que queremos melhorar, em nossa árvore de habilidade, modifica de forma significativa o gameplay. No meu caso, por exemplo, dei preferência em melhorar os atributos de combate (corpo a corpo) e de invasão de sistemas (hacking). Como os inimigos possuem implantes tecnológicos, posso invadi-los, atordoá-los e derrubá-los. Mas, existem outras formas de se jogar Dex. Você pode, caso queira, explorar uma jogabilidade mais furtiva. Existem algumas muretas que permitem que nos escondamos para alcançar nossos objetivos (geralmente de invadir algum computador para coletar alguma informação útil). Temos a opção de evitar o confronto ou imobilizar os inimigos por trás. Você pode ainda se especializar na utilização de armas de fogo (alcance longo), que te permite empunhar e carregar vários modelos diferentes, das mais leves às mais pesadas.

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Mesmo com essas variações no gameplay, o combate é um dos pontos fracos do jogo. Você precisa estar distante do inimigo para usar as armas de fogo, caso contrário será facilmente derrubado. Se escolher o combate corporal, enfrentar mais de um no “mano a mano” é desaconselhável, principalmente no início do jogo que não temos variação alguma de combo. A utilização da defesa e esquiva são elementos importantíssimos nas lutas contra os inimigos. Você precisa criar estratégias para não ser pego por uma quantidade excessiva deles. Caso contrário, é morte certa.

Salvar constantemente o jogo ajuda, em muito, na progressão. Assim, se sua estratégia falhar é só voltar do ponto de salvamento anterior. De toda forma, precisa ser paciente e conhecer as variações de golpes dos adversários no jogo. Algo não muito difícil de memorizar, já que o game conta com um número limitado de NPCs do qual enfrentamos.

Invadindo sistemas

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Quando invadimos um computador, ou rede neural dos inimigos, entramos no chamado ciberespaço. Dessa forma, presenciamos uma mudança brusca no formato do gameplay. Imaginem um joguinho de nave com visão isométrica. Toda vez que tentamos hackear algo, é dessa forma que o jogo se apresenta.

No ciberespaço temos duas barras: foco (vida) e wedge (nos permite dar tiros concentrados). Lá devemos ir de um ponto a outro para coletar informações específicas que nos permite avançar em nossas missões. Cada rede que invadimos possui uma arquitetura própria, que é protegida por diferentes vírus. Uma espécie de linha de defesa que atua nos combatendo.

Para facilitar nossa vida no ciberespaço, temos ainda a possibilidade de equipar algumas habilidades de software, que nos concede escudos e ataques secundários contra os vírus. Devemos sempre ficar atentos a barra de foco. Caso ela zere, além de sermos expulsos do mundo virtual, perdemos alguns pontos de vida no mundo real.

Uma curta experiência cyberpunk

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Dex não é um game com uma história original. A impressão que temos ao jogá-lo é que já vimos aquilo em algum outro lugar. Nesse sentido, o roteiro parece um emaranhado de referências ao mundo cyberpunk, sem – contudo – apresentar algo verdadeiramente novo. É verdade que isso não chega a ser ruim, mas os desenvolvedores perderam uma grande chance de contar uma boa história.

No Switch existem falhas bobas de desempenho, como quedas de framerate em certas áreas do mapa e bugs em algumas animações (como nas imobilizações, por exemplo). Se você tiver a versão lite do Switch e tiver problema de visão, Dex não é uma opção. As linhas de diálogo são minúsculas e requer que utilizemos o recurso de zoom do sistema para conseguirmos ler minimamente os textos na tela.

Um outro problema do jogo é o seu tempo de duração. Se ignorarmos as missões secundárias, lavaremos pouco mais de dez horas para fechá-lo. Muito pouco para um metroidvania e menos ainda para um RPG. Para piorar, após zerá-lo, o game não conta com um New game +. De toda forma, é divertido enquanto dura apesar de não ser uma experiência memorável.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Samuel Leão

Dex Enhanced Edition

8

Nota final

8.0/10

Prós

  • Gráficos em pixel art
  • Boa ambientação
  • Exploração divertida

Contras

  • História previsível
  • Combates ruins
  • Trilha sonora genérica